28/03/2024 - 10:36
O jovem foi vítima de um Acidente Vascular Medular (AVM), evento raro que atinge

Jovem retorna para casa após mais de um ano de tratamento no HGV

``Todos aqui são como uma família para mim. Nunca esquecerei o que fizeram por meu filho``. Já em clima de despedida, esse é o sentimento expressado  pela agente comunitária Maria de Deus Oliveira, mãe de A. O, 19 anos, que na tarde desta sexta-feira (27) finalmente irá para casa depois de um ano e meio internado no Hospital Getúlio Vargas (HGV). O jovem, da cidade maranhense de Araioses, foi vítima de um Acidente Vascular Medular (AVM), evento raro que atinge uma em cada um milhão de pessoas.

``A doença determinou uma sequela neurológica irreversível, limitando a capacidade motora e de respiração. A lesão medular surgiu de forma abrupta, e é a medula que regula as funções respiratórias e circulatórias; além de ser a responsável por conduzir os estímulos motores e sensitivos ``, explica o médico e coordenador da Clínica Médica do HGV, Jailson Matos.

Para que A.O pudesse deixar a UTI, onde ficou por cerca de nove meses, uma enfermaria foi especialmente adaptada para ele. ``Para o tratamento utilizamos uma ferramenta de gestão conhecida como Projeto Terapêutico Singular (PTS), que possibilita um cuidado individual para o paciente. Nesse processo, uma equipe multiprofissional de médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas e psicólogos visita diariamente o paciente``, diz a diretora do HGV, Clara Leal.

A alta hospitalar de A.O está sendo considerada uma grande conquista para ele e para todos os profissionais envolvidos. O tratamento apresentou resultados positivos, garantindo avanços na recuperação e uma melhor qualidade de vida para o paciente. Ele já consegue, por exemplo, realizar alguns movimentos de maneira independente, utilizar a cadeira de rodas, respirar sem  ventilação mecânica e, mesmo com certa dificuldade, comunicar-se através da fala. Antes, atividades impossíveis dele fazer.

`` Essa evolução se deve a dois fatores primordiais. O próprio paciente com sua força de vontade e aceitação ao projeto terapêutico. E também a atuação da equipe de fisioterapia do Hospital, pois o processo de reabilitação exige muita dedicação por parte dos profissionais. Todos tiveram sua importância, mas os atores principais foram A.O  e os fisioterapeutas. Tanto que o fato dele ir para casa somente será possível por causa do grande trabalho que eles realizaram ``, enfatiza Jailson Matos.

Um grupo de profissionais do HGV acompanhará A.O na viagem de volta à cidade dele. ``O fato de mobilizar uma equipe multiprofissional para acompanhar o paciente é para nos certificarmos da segurança quanto aos cuidados que ele vai ter em casa e se será entregue em mãos adequadas. E também porque nós  já conhecemos o paciente e queremos nos cercar de toda a cautela necessária para evitar falhas nesse processo da volta dele ao lar``, finaliza o médico.

O contato diário dos profissionais com A.O fez com que a relação entre eles deixasse de ser apenas de profissional-paciente, transformando-se em amizade. É o caso do fisioterapeuta Fábio Nascimento. Os dois são vistos frequentemente passeando pelo Hospital, com Fábio o conduzindo em uma cadeira de rodas. É o fisioterapeuta também quem corta o cabelo de A.O e seleciona as músicas que ele gosta de ouvir. ``A separação será difícil para todos nós, mas sabemos que esse retorno ao convívio da família e dos amigos fará muito bem a ele``, pontua.

Para essa volta ao lar, A.O ganhou um aparelho chamado BIPAP (Bilevel Positive Pressure Airway), tipo de respirador mecânico usado no suporte ventilatório por pressão e empregado para a ventilação não invasiva. Apesar de já conseguir respirar sem ventilação mecânica, o aparelho dará o suporte necessário, pois ele ainda não se sente seguro o suficiente para dispensar totalmente o uso do equipamento, principalmente na hora de dormir.  



» Siga-nos no Twitter