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Artistas apostam em EPs para aumentar as vendas e testar novas músicas

Publicada em 01 de Abril de 2014 �s 10h40


Três EPs lideraram lista de discos mais vendidos de 2013; gravadoras e músicos falam ao iG sobre vantagens do formato Na lista de discos mais vendidos em 2013, divulgada há poucos dias pela ABPD (Associação Brasileira de Produtores de Discos), os três primeiros colocados chamam a atenção pelo formato. Em vez dos tradicionais CDs com cerca de 10 faixas, padre Marcelo Rossi, Roberto Carlos e Paula Fernandes lideram as vendas com EPs ("Extended Plays"), que são discos de curta duração com, em média, quatro canções, também conhecidos como miniálbuns. estratégia é comum às gravadoras no mercado internacional, mas, no Brasil, os álbuns completos sempre foram a principal escolha para comercializar os artistas. No entanto, pelo segundo ano consecutivo, a venda de CDs e DVDs segue em queda pelo País. De acordo com a ABPD, em 2013 houve uma redução de 15,5% das vendas em comparação a 2012. Por serem comercializados a preços menores (os três EPs líderes na lista da ABPD custam R$ 9,90 - contra os R$ 20, em média, dos álbuns completos), os EPs parecem ser a atual energia revigorante das gravadoras, que atravessam uma longa crise de venda dos formatos físicos desde o surgimento da pirataria pela internet. “Contamos quatro músicas, sendo duas inéditas e duas que não tinham sido colocadas à venda em um CD do Rei. Então, chegamos à conclusão de que teríamos um EP. O ponto-chave era ter um preço realmente atraente para um CD com quatro músicas”, explica ao iG Alexandre Schiavo, presidente da Sony Music Brasil, sobre o EP “Remixed”, de Roberto Carlos, que traz o single “Esse Cara Sou Eu”. Este trabalho, conta, é um "adiantamento do sonhado disco de inéditas em que o Rei está trabalhando". “Muitas bandas mais novas estão optando por lançar um EP digital, já que temos novos e bons canais de vendas, como o iTunes e demais lojas online. É uma saída viável por questões de custo e por atender às propostas artísticas”, diz Rodrigo Ratto, diretor de vendas da Universal Music Brasil, gravadora responsável pelo EP “Um Ser Amor”, de Paula Fernandes, terceiro na lista de mais vendidos em 2013, segundo a ABPD. Para Gian Uccello, consultor de negócios da DeckDisc, os EPs são como um “preparatório para o álbum”. “O EP pode funcionar também como um teste de repertório ou mesmo como um projeto temático para o artista.” Fernando Lobo, gerente geral do artístico da Som Livre, resume como o EP pode ajudar os músicos. “Podemos iniciar um ciclo de mudança de posicionamento de um artista; divulgar o que está por vir e testar se vai funcionar; lançar conteúdo inédito em intervalos menores de tempo e ajudar a manter a marca do artista em evidência. O EP não compromete o álbum completo desde que haja um planejamento bem feito e bem executado.” No circuito de bandas e gravadoras independentes, com verbas mais magras, os EPs são uma opção de investimento mais coerente pelo custo reduzido de produção. “Serve como um ótimo teste. Por ser curto, pode ser uma amostra eficiente do momento atual de uma banda, que não gasta muito tempo e dinheiro com o esforço de um disco cheio e pode entrar em nova turnê com músicas inéditas”, diz Fernando Dotta, um dos sócios e fundadores da Balaclava Records. Diretor artístico da Lab344, Sérgio Martins diz que a venda de EPs ainda não está nos planos da gravadora, por “não ter artistas de apelo popular em catálogo”. Martins crê que o lançamento de EPs é uma estratégia de gravadoras maiores. “É uma maneira de conseguirem colocar seus produtos em lojas grandes, que escolhem conteúdo pelo preço, e não pela qualidade. Por isso a disseminação do bootleg (gravações não oficiais) por aqui. Você encontra no mercado vários produtos de procedência duvidosa.” O EP combate a pirataria? De acordo com as gravadoras, o lançamento dos EPs não seria uma estratégia contra a pirataria, embora possa contribuir para que os fãs invistam em produtos originais. “O preço não foi pensado diretamente para isso. Nós achatamos ainda mais as nossas margens e os artistas também diminuíram a sua remuneração para chegarmos ao preço de R$ 9,90”, diz Schiavo, da Sony Music. “Atualmente, a pirataria física já não causa o mesmo impacto ao mercado fonográfico, como no passado. A estratégia (do EP) é mais direcionada para a oportunidade de oferecer um bom produto, com quatro ou mais singles, de preferência inéditos, para o mercado, atrelado à uma proposta de preço bem mais atrativa ao consumidor final”, diz Rodrigo Ratto, da Universal. Vendido a preços mais baixos do que os discos completos, o EP visaria “atingir mais consumidores dentro do mercado legal, dar aos fãs a oportunidade de adquirir um produto oficial do artista”, acredita o consultor de negócios da DeckDisc, Gian Uccello. Para a Som Livre, que figurou na lista dos 20 discos mais vendidos de 2013 com o EP “Te Esperando”, de Luan Santana, na 12ª posição, os EPs são "apenas mais um formato de distribuição de conteúdo, aumentando a oferta para o consumidor”, diz Fernando Lobo. Motivos para lançar um EP Além de lançar o EP físico, a tendência para bandas e gravadoras é a adaptação à internet e divulgação em formato digital. “Esta nova dinâmica é muito interessante, assim como existe também o lançamento de apenas uma música no formato digital. O bom para o público e para o artista é que agora ambos têm mais opções de promover o seu trabalho”, diz o presidente da Sony Music. “No caso do Luan (Santana), precisávamos apresentar algum conteúdo inédito que mostrasse um pouco do que seria o próximo DVD. O objetivo era conectar os fãs com a atmosfera de "O Nosso Tempo é Hoje". Para isso, compilamos dois singles lançados um pouco antes e que não estavam em nenhum produto, com mais duas músicas inéditas", explica Fernando Lobo, da Som Livre. “Um hit espontâneo, um experimento, um tributo” são razões suficientes para um artista lançar um EP, diz Gian Uccello, da DeckDisc. Já para Fernando Dotta, da Balaclava Records, isso é determinado pela maneira como se pretende gerenciar a carreira. “O artista pode até ter 12 músicas novas prontas para gravar, mas pode alcançar resultado melhor se lançar quatro canções por vez e dividi-las em três EPs, para que novidades sejam lançadas com maior frequência”, avalia. A visão dos artistas “A carreira está muito ligada à internet e você precisa ter o máximo de conteúdo na rede. Não é possível ter um disco a cada seis meses, o que seria o ideal. É legal ter o EP, porque você pode lançar um disco com menos músicas e já colocar o conteúdo na rede”, diz Marcelo Segreto, da Filarmônica de Pasárgada. Chuck Hipolitho, da banda Vespas Mandarinas, destaca que, entre as bandas de rock, o EP é mais do que apenas um material físico para os fãs, servindo bem aos artistas novatos. “Em vez de focar no disco inteiro, se o artista tem quatro músicas e faz um material físico, isso ajuda a chamar a atenção para a banda, a ter uma resposta rápida para as pessoas ouvirem. É fundamental para ver o que funciona.” O cantor e compositor Pedro Bonifrate, que lançou o EP “Toca do Cosmos”, com cinco músicas, avalia que o momento para lançar um disco de curta-duração “depende da perspectiva do artista”. “Muitos lançam um EP antes do primeiro álbum, para começar a mostrar o trabalho em doses homeopáticas que podem inculcar a vontade de se ouvir algo mais.” "O EP costuma ser encarado como um trabalho em andamento”, diz o cantor e compositor Thiago Galego. “Em alguns casos, mostrar o andamento pode ser interessante, seja com o lançamento de um EP ou com a divulgação de músicas no Soundcloud (site de músicas on demand).” O músico Meno del Picchia, que lançará um EP com sobras do disco “Macaco Sem Pelo”, vê o formato com bons olhos. "O EP pode conter músicas que o artista não colocou em nenhum álbum maior. Às vezes, temos canções boas, mas que não tinham nada a ver com o disco que estamos lançando. Pode ser a forma ideal de desovar essas canções perdidas”. Tim Bernardes, do grupo O Terno, acha que os EPs são uma boa ponte entre um álbum e outro. “Ainda mais em uma banda independente como a nossa, em que a distância entre um disco e outro pode ser bem longa e, nesse tempo, o estilo da banda vai se transformando. É ótimo poder ir lançando material na medida em que você vai criando, em vez de ficar esperando até o disco seguinte.” A história do EP Originalmente, o termo EP, abreviação de "Extended Play", era usado para classificar os discos de vinil de 10 polegadas com cerca de quatro músicas, portanto, menores que os LPs ("Long Plays", discos de 12 polegadas e aproximadamente oito músicas). O uso atual permite que se chame de EP qualquer compilação de poucas músicas (quatro, em média), que sejam lançadas tanto em CD, vinil ou digitalmente. É importante não confundir EP com compacto, tradução usada no Brasil para o formato conhecido como "single" no mercado internacional. O single, ou compacto, são os discos de vinil de 7 polegadas, normalmente com duas músicas (compacto simples) ou quatro (compacto duplo).

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Fonte: Vooz �|� Publicado por:
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