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Assim como Marilda em 'O sétim

Assim como Marilda em 'O sétimo guardião', Leticia Spiller toma banho nua em seu sítio: 'Liberdade'

Publicada em 02 de Dezembro de 2018 �s 11h00


O que é ser eternamente jovem para você? Para Marilda, a primeira-dama de Serro Azul, é prazer em níveis estratosféricos. Já Leticia Spiller, sua intérprete, que parece bebericar de alguma fonte milagrosa também na vida real, acredita que essa questão rompe as fronteiras da aparência. É corpo, mente, criação... Em 30 anos de carreira — 45 de idade a plenos pulmões e rara beleza —, a artista mais uma vez surpreende em ação. Destaque em “O sétimo guardião”, ela poderia facilmente descambar para a caricatura da loura fútil, atrapalhada. Só que não. Marilda é, sim, carregada na tinta, mas única, divertida, sem mais do mesmo. A nudez durante os banhos nas águas claras da trama das nove e suas tiradas hilárias têm elevado a audiência.

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— Muita gente vem me falar que está adorando, graças a Deus. Aguinaldo (Silva, autor) sempre me dá personagens deliciosas, mas que estão na corda bamba porque são quase caricatas. A história também leva para o lado mais absurdo. Então, cabe esse tom a mais que estamos dando a ela. E a proposta é essa, diversão acima de tudo — observa Leticia, que decidiu por conta própria fazer um sotaque para o papel, diferente de todos os outros moradores de Serro Azul: — Tive essa ideia porque ela vinha assim na minha cabeça na hora que eu lia o texto.

Curiosos para desvendar o segredo da fonte de poderes curativos e rejuvenescedores, nós da Canal Extra tivemos livre acesso à gruta (de mais de mil metros quadrados, com sete metros de queda d’água e uma piscina de dois metros de profundidade) para realizar este ensaio, com direito a técnico de luz, bombeiros e toda uma infraestrutura para fazê-la funcionar. E constatamos que, de fato, aquela água turquesa tem o poder de embelezar. Basta ver as imagens.

Sem dublê de corpo, Leticia conta que tentou usar tapa-sexo e lib (adesivo usado para cobrir os mamilos) nas cenas do banho, mas nada se fixou no corpo durante os mergulhos. Então, o que o público vê é uma sutil nudez. Acostumada a expor as curvas a serviço do trabalho, ela admite que fácil não é. A prova de fogo foi no teatro, na peça “Doroteia” (2016), na qual tinha uma cena em que ficava despida na frente da plateia:

— No teatro, é mais complicado porque é ao vivo, apesar da luz linda que me protegia. Na TV, a equipe teve a intenção de não apresentar cenas vulgares. Pelo horário, nem poderia ser muito evidente. Só não foi tranquilo ficar nua na frente de pessoas que não conheço bem.

Na era digital, em que não há como controlar o voyeurismo de quem está ao redor — já que com um celular qualquer um é um paparazzo —, não resta outra alternativa a não ser confiar e vigiar.

— Não estou tão calma com essa coisa (de ficar pelada em set de gravação). Então eu fico de olho. Não é porque sou atriz que vou ficar nua numa boa. Estou atenta. Os diretores e a equipe também estão — ressalta Leticia, que diz ter total domínio sobre impulsos de desejo que eventualmente, em se tratando de dois seres humanos em contato íntimo, podem rolar, apesar do profissionalismo: — Outro dia, Tony Ramos estava me contando que Paul Newman (ator e diretor americano) falou uma coisa muito engraçada em relação aos artistas, com a qual ele, Tony, concorda. Eu também. É o seguinte: vou ali e (dá um gemido) “hum, ai, hum”, e pronto (risos). É isso. Não tem intimidade. É trabalho, na frente de um monte de gente. Dá para fazer parecer verdadeiro sem precisar trocar (sentimentos). Eu me envolvo, choro, me entrego, mas depois vou para minha casa feliz da vida. Tanto que o único ator que namorei foi Marcello (Novaes, pai de Pedro, de 21 anos).

Por falar no ex-marido que conheceu em 1994, quando interpretaram o casal espevitado Babalu e Raí em “Quatro por quatro”, Leticia destaca a ótima relação que os dois mantêm dentro e fora dos estúdios. Agora, na história dirigida por Rogério Gomes (o Papinha), ela é a mulher do prefeito, e ele, o vilão Sampaio.

— Somos superamigos, tenho muito carinho pelo Marcello. A gente sempre conta um com o outro e ainda se diverte junto — diz a artista, que ainda tem o filho deles, Pedro, com sua Banda Fuze, na trilha sonora da novela com a música “Corrente”: — Papinha convidou os meninos. Ele já conhece o trabalho e gosta muito. Produzi o clipe dessa música. Estamos trabalhando juntos, de forma diferente, e muito felizes com esse encontro!

Já Stella, de 7 anos, filha de Leticia com o diretor de fotografia Lucas Loureiro, mesmo sendo prioridade, divide mais a atenção da mãe com a carreira do que Pedro dividiu:

— Estou trabalhando mais agora, mas desenvolvi uma capacidade de fazer tudo ao mesmo tempo agora. Fico assoberbada, mas dá certo. Cada filho é um filho, né? Continuo sendo mãezona. Antes, eu não tinha medos que agora tenho, como saltar de asa-delta, por exemplo. Eu me preservo mais. Ser mãe é dar prioridade ao ser humano que estamos criando. A gente começa a pensar mais no coletivo. Eu abro mão de muita coisa para ficar com a minha filha. Às vezes, tem um evento importante, e eu deixo de ir porque preciso estar com ela, educá-la.

É com o namorado Pablo Vares, músico uruguaio de 29 anos, que a atriz dá asas a sua porção cantora e dançarina no grupo Infusión e no Coletivo El Camino, em palcos e ruas. Em Portugal, o casal foi flagrado fazendo uma apresentação em praça pública.

— Pablo veio para o Rio para tocar na rua, e ainda toca. Ele tem um projeto superlegal sobre esses músicos, que está colocando em prática agora. Eu tenho vontade de participar. Sempre tive o sonho de fazer teatro de rua. O Infusión é uma mistura de ritmos e dança, com canções autorais do Pablo, e de arranjos que ele criou de músicas latinas e flamencas para canções brasileiras. A gente faz essa brincadeira de circular um na área do outro. Estou batalhando para levar, tanto o Infusión quanto o Coletivo El Camino, para o mundo — frisa a atriz.

Enquanto isso não acontece, essa geminiana segue por aqui atuando, produzindo, escrevendo... Após lançar o livro “Mais de mim”, com textos escritos por ela nos últimos 18 anos, a ideia é fazer outro de poemas eróticos. Por enquanto, em andamento, estão dois longas:

— Um com Daniel Rocha, Fernanda Vasconcellos, Cristiana Oliveira, João Vitti e Zezé Motta, que chama “Eu sou brasileiro”. É um drama romanceado sobre um jogador de futebol que tem a carreira interrompida por causa de um acidente. Minha personagem é a psicóloga dele. É um filme com o qual muitos brasileiros vão se identificar. Nesse, sou coprodutora. Deve ser lançado no ano que vem. O outro que estou produzindo é uma comédia para toda família, “Clube da saudade”. Convidamos Malvino Salvador para fazer o vilão, eu serei Rosalina, uma solteirona, servente do clube e que tem o sonho de dançar. E tem uma fada madrinha que eu quero muito que seja a Ana Maria Braga. Ela já disse que topa. Vamos ver!

Para Leticia, beleza é isso. Está diretamente ligada ao prazer de fazer o que gosta. Não à toa, em sete anos foram sete novelas, mais os trabalhos paralelos. Soma-se, é claro, a essa bem-sucedida carreira os cuidados com o corpo:

— Tenho uma dermatologista maravilhosa, que cuida de mim e é muito contra cirurgia plástica. Eu também estou atenta a isso, sabe? Acho bonito a gente envelhecer com dignidade, com rugas. Acho desnecessário apagar todas, porque elas estão aí para contar histórias mesmo, vide dona Fernanda Montenegro, que é linda. É possível a gente se alimentar internamente antes de tudo — decreta uma artista inquieta: — O que mais me importa é fazer bem o meu trabalho, é poder me aperfeiçoar naquilo que eu gosto, me arriscar em outras áreas. O teatro alimenta a minha alma! É onde eu posso ter mais autonomia para dizer o que quero através da arte. E por aí vou seguindo, porque é natural envelhecer. Só quero ter energia, poder dançar. Eu me preocupo mais com isso do que com outras coisas. Quero chegar à velhice saudável.

Morte não é assunto que ela abomina. Hoje, procura seguir a filosofia budista, encarando o fim da vida como parte do processo:

— Tenho fé de que a gente não acaba aqui. Prefiro acreditar que somos mais do que isso, que estamos de passagem para poder evoluir.

Desde que despontou na TV, no “Xou da Xuxa”, em 1989, como a paquita Pituxa (Pastel), função que ocupou até 1992, Leticia tem a imagem atrelada ao físico. Virou símbolo sexual. Existiu pressão externa para se manter bela, ela admite, mas nada que tenha tirado seu sono no passado, muito menos agora, garante:

— Rolava cobrança, claro. Tinha que ter disciplina, por isso o programa foi uma escola para mim. Mas sempre tive discernimento, sabia o que queria. Tanto que tentei sair numa época, mas Xuxa e Marlene (Mattos, diretora) pediram para eu dar mais um tempo, e acabei ficando por mais um ano. Nunca deixei de fazer teatro, era minha paixão e não escondi isso de ninguém. Nem delas. Têm coisas que já não são mais como quando eu tinha 20 anos. Tive dois filhos, né? Mas tenho uma boa constituição física, e a idade não trouxe esse peso para mim. Hoje, as pessoas se cuidam mais, diferentemente da geração dos meus pais. E olha que meu pai tem 93 anos, e minha mãe, 86. Estão lúcidos, relativamente bem com os percalços da velhice.

A única cirurgia plástica que ela revela ter feito foi ter colocado silicone nos seios, aos 40 anos. Botox, usa como prevenção:

— Nunca fiz lifting nem esses procedimentos que esticam. Não sou a favor daquela coisa horrorosa que paralisa o rosto. Faço botox só para abrir o olhar, dar uma refrescada. Aí eu acho válido.

Por conta do ritmo frenético das gravações, o exercício físico fico restrito a uma vez por semana. Leticia alterna entre a dança, a musculação e um aeróbico na bicicleta ergométrica:

— Devido a uma inflamação no tendão, não estou podendo fazer muita coisa. Bebo bastante líquido, procuro ter uma boa alimentação, mas não concordo com radicalismos. E tem que ter paciência para tirar toda a maquiagem, mesmo chegando de uma festa às 4h da manhã. Não consigo deitar na cama sem limpar e hidratar minha pele. É chato, mas é importante!

Em paz com o espelho, sem narcisismo, ela assegura que tem, sim, seus dias de “bad”. E brinca que, pelo menos uma vez por mês, se sente “feia”.

— Primeiro que nem me acho linda. Sou um ser humano normal, que tem fraquezas de autoestima como toda mulher na TPM. Sempre acho que falta um corretivo, um rímel para realçar — ameniza Leticia, que se acha linda quando... — Consigo liberar endorfina, fazer minha aula de dança, estar em contato com a natureza.

Na vida real, ela também se banha nua numa fonte particular de energia:

— No meu sítio, onde tenho aquela sensação de limpeza, de liberdade!
Tags: Assim como Marilda - O que é ser etername

Fonte: globo �|� Publicado por: Da Redação
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