O Conselho Regional de Medicina do Piauí prorrogou por mais 60 dias a interdição ética - onde médicos ficam impedidos de atuar - na maternidade Dona Evangelina Rosa, em Teresina, a maior do estado. A decisão foi tomada durante plenária realizada na terça-feira (23). A interdição já dura cinco meses.
Uma nova vistoria foi realizada nos dias 10 e 11 de abril deste ano, nas dependências da maternidade quando foram constatadas a superlotação no setor de admissão. Além disso, algumas cirurgias foram suspensas em virtude do centro cirúrgico estar superlotado com pacientes que não tinham leitos para ocupar.
A primeira interdição aconteceu em novembro do ano passado. À época, os médicos deixaram de atender casos de baixa e média complexidade e passaram a atender apenas os casos de alta complexidade.
Um médico chegou a informar, durante a fiscalização, que somente numa manhã realizou nove partos cesarianas e que os funcionários tiveram dificuldades para encaminhar as pacientes às enfermarias por falta de vagas.
De acordo com o CRM, o maior problema estava relacionado à superlotação da maternidade, uma vez que a unidade voltou a receber pacientes de outros municípios incapazes de estruturar hospitais e maternidades.
Além disso, várias pacientes foram encaminhadas de maternidades do município de Teresina por não conseguirem realizar procedimentos simples e, muitas vezes, os partos cesarianos, por falta de ultrassonografia e de escala completa de médicos, como anestesistas.
Outro ponto observado durante a fiscalização foi que a maternidade passa por reforma desde o ano passado e está com três enfermarias interditadas devido às obras terem sido paralisadas. Isso ocorre porque a estrutura do prédio é muito antiga e inapropriada para receber as melhorias necessárias.
Foi observada ainda a ausência de extintores de incêndio em diversos setores, entre eles o Centro Cirúrgico, mas segundo o Diretor da MDER, os equipamentos já haviam sido licitados.
Embora não tenha sido constatada a falta significativa de medicamentos e insumos, como ocorreu em outras fiscalizações, no momento da vistoria não havia aparelhos Sonar e Cardiotocógrafos suficientes, prejudicando a ausculta da frequência cardíaca fetal.
O Conselho Regional de Medicina diz que a desinterdição , nesse momento, poderá piorar mais ainda o caos instalado na Maternidade Dona Evangelina Rosa.