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Deic: policiais se aproveitam do PCC, mas não são comandados

Publicada em 15 de Julho de 2014 �s 20h43


A participação de policiais no esquema criminoso do PCC será investigada pelas corregedorias das polícias Militar e Civil. As informações foram divulgadas nesta terça-feira em coletiva de imprensa com presença do secretário de Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella, membros da Polícia Civil e do Ministério Público. Embora Grella não tenha falado sobre o número de policiais a serem investigados, ele admitiu que recebeu hoje elementos de prova referentes ao “possível envolvimento” de policiais no esquema, e disse que encaminhará, ainda hoje, o material para as corregedorias. “Eles (policiais) não fazem parte do esquema da organização criminosa. Não tem polícia trabalhando para criminoso. O que coletamos em escutas e anotações foi que eventualmente, o policial passa na biqueira, que é o ponto de venda da droga, e arrecada o dinheiro que tem naquele momento. Não mais que isso. Não é polícia trazendo droga ou comandando o crime. É muito mais situação de extorsão e concussão do que qualquer outra coisa. Não sabemos quantos (policiais) são. Não são líderes do crime. Eles se aproveitam do crime”, explicou o delegado Wagner Giudice, diretor do Deic. Foram presas nos últimos dias 38 pessoas, e apreendidas duas adolescentes, em uma operação deflagrada pela Polícia Civil contra uma organização criminosa que age dentro e fora dos presídios paulistas: o Primeiro Comando da Capital (PCC). A operação, que pretendeu atingir os setores financeiro e administrativo da organização criminosa, prendeu lideranças do PCC, como Amarildo Ribeiro da Silva, conhecido como Júlio, que liderava o setor financeiro do grupo e era responsável também pela liberação de altas quantias para a compra de drogas. Entre os presos estão 15 mulas, a maioria mulheres que transportavam a droga para os pontos de venda. SAIBA MAIS SP: 30 policiais são investigados suspeitos de elo com PCC Foto: Peu Robles / Agência Pública Policia Civil de SP prende 39 em operação contra o PCC Com o desencadeamento da operação, concluímos que atingimos efetivamente a parte financeira da organização. Obviamente não atingimos toda a organização, que é muito grande, mas isso demonstra que estamos atentos ao que está acontecendo e vamos continuar (a operação)”, disse o delegado Ruy Ferraz Fontes, que liderou a ação policial. A operação, comandada pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), teve início no dia 19 de fevereiro, com a prisão de uma pessoa que atuava na administração de 51 pontos de venda do PCC na capital, mas se intensificou durante o último final de semana quando a maior parte dos membros do PCC foi presa. A operação foi chamada de Bate-Bola. “Este é um termo que os criminosos usam para denominar como eles se comunicam, com pequenos bilhetes, cartinhas e pequenas anotações em celulares”, explicou o delegado Wagner Giudice, diretor do Deic. A ação mobilizou 200 policiais e contou com escutas telefônicas e interceptações de mensagens autorizadas pela Justiça. Também foram usadas câmeras escondidas que flagraram reuniões dos integrantes da organização criminosa. Durante a investigação, a polícia identificou que Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, continua liderando as ações do PCC, mesmo estando preso em Presidente Venceslau, mas utilizando agora o codinome Russo, referência ao seu discurso marxista. “O esquema funcionava principalmente pela entrega de cartas e bilhetes às famílias”, explicou Fontes. “Marcola é, talvez, a pessoa intelectualmente mais preparada e, por seu carisma, lidera todo mundo. Toda a decisão parte de 15 pessoas que estão presas lá (em Presidente Venceslau), e a execução da operação feita pelo Amarildo, do lado de fora”, explicou Fontes. A polícia estima que o grupo movimentava R$ 7 milhões em média por mês. Por causa disso, o secretário de Segurança Pública de São Paulo disse que pretende pedir à Justiça, mais uma vez, para que Marcola seja encaminhado ao Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), onde ficará isolado 22 horas por dia. “Vamos analisar essas provas. Se houver existência de falta grave (de Marcola), podemos provocar o Judiciário para pedir a ida do chefe da facção ao RDD. O Ministério Público também pode fazer isso, independente da Secretaria de Segurança ou da Administração Penitenciária”, falou ele. Na operação foram apreendidos 31 automóveis (cinco deles de luxo), duas motos, 102 quilos de cocaína, 40 quilos de maconha, 300 frascos de lança-perfume, munições, um fuzil, uma submetralhadora, quatro pistolas, computadores, celulares e R$ 120,9 mil em dinheiro. Três contas bancárias da organização foram bloqueadas e serão analisadas pela polícia. Também foram emitidos dois alertas vermelhos à agência internacional Interpol para a prisão de dois foragidos que se encontram fora do país: Fabiano Alves de Souza, o Paca - que está no Paraguai e faz parte da cúpula do PCC - e Wilson José Lima de Oliveira, o Neno, que está nos Estados Unidos. Segundo o promotor Lafaiete Ramos, as denúncias que serão feitas pelo Ministério Público vão abranger tráfico e associação para o tráfico, além de um processo penal por organização criminosa. A operação identificou 13 setores do PCC que operam de forma independente. Mensalmente, os representantes de cada um dos giudicesetores se reúnem para fechar a contabilidade geral das arrecadações. Os 13 setores são: a padaria (que agrega a aquisição, armazenagem e distribuição da droga), os FMs (que administra as drogas nos pontos de venda a varejo), a produção (que controla, coordena, gerencia, armazena e distribui a droga para o varejo), o progresso (que administra a venda de drogas e cigarros nos presídios e estimula a venda de drogas de forma geral), a cebola (setor que arrecada mensalidade de R$ 600 dos membros do PCC), o cadastro (que faz o controle dos integrantes do PCC), a rifa (que administra a venda de rifas), o busão (que faz o transporte de visitas em presídios), a ajuda (auxílio para os integrantes presos e seus familiares), a gravata (que reúne os advogados da facção), o apoio (responsável pela administração de recursos em processos contra membros do PCC), o paiol de armas (que armazena as armas) e o final outros estados (que cuida da operação fora de São Paulo).

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Fonte: Vooz �|� Publicado por:
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