
BRASÍLIA - O empresário Leonardo Meirelles, sócio do doleiro Alberto Youssef, afirmará ao Conselho de Ética da Câmara nesta quinta-feira que depositou propinas no valor total US$ 5,1 milhões em contas do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), na Suíça. Meirelles dirá que fez os pagamentos a pedido de Youssef e do lobista Júlio Camargo. Os valores fariam parte de uma propina de US$ 40 milhões que o lobista pagou ao intermediar a contratação de dois navios-sonda da Samsung Heavy Industries para a Petrobras. O depoimento de Meirelles começa às 9h30 no Conselho de Ética.
Estas informações já foram repassadas à Procuradoria-Geral da República e ao juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, a partir de um acordo de delação premiada. Na delação, a qual o jornal “Folha de S. Paulo” também teve acesso, o empresário cita o nome de quatro senadores e 5 deputados federais. São parlamentares que receberam propina de Yousseff. Procurado pelo GLOBO, o advogado Haroldo Nater, confirmou o acordo de delação de Meirelles.
- Leonardo está colaborando com as investigações. O interesse dele é ajudar a resolver todas essas questões - disse Nater.
Nesta terça-feira, a defesa de Cunha pediu a impugnação das oito testemunhas de acusação no processo contra ele no conselho. O documento foi dirigido ao presidente do colegiado, José Carlos Araújo (PR-BA), que vê no direcionamento da impugnação a ele e não ao relator, o deputado Marcos Rogério (DEM-RO), uma tentativa de ganhar prazo e de tentar anular sua decisão sobre a questão. Entre os depoimentos que Cunha tenta impedir, está o de Meirelles.