Piaui em Pauta

-
-
Escutas revelam ameaças da mil

Escutas revelam ameaças da milícia contra moradores de Rio das Pedras.

Publicada em 23 de Janeiro de 2019 �s 08h14


Ronald Paulo Alves Pereira, major da PM. Ronald Paulo Alves Pereira, major da PM. Escutas telefônicas feitas pelo Ministério Público e autorizadas pela Justiça na Operação Os Intocáveis, que prendeu cinco pessoas nesta terça-feira (22), revelam ameaças de milicianos contra quem contrariava seus interesses. Gravações também mostram a rotatividade forçada em imóveis controlados pela quadrilha.

» Siga-nos no Twitter

O grupo é suspeito de comprar e vender imóveis construídos ilegalmente na Zona Oeste do Rio, além de crimes relacionados à ação da milícia nas comunidades de Rio das Pedras, Muzema e adjacências, como agiotagem, extorsão de moradores e comerciantes, pagamento de propina e utilização de ligações clandestinas de água e energia.

Mãe e esposa de suspeito de integrar milícia trabalharam no gabinete de Flávio Bolsonaro
Flávio Bolsonaro atribui a Queiroz contratação da mãe de ex-PM suspeito de integrar milícia
Queiroz confirma que indicou à Alerj mãe e mulher de ex-capitão do Bope
Escuta do dia 15 de novembro mostra um dos presos, Manoel de Brito Batista, o Cabelo, reclamando dos cortes de cabos de energia de "gatos" em um de seus empreendimentos imobiliários.

"Se ele cortar os cabos meu lá, vai ser diferente porque eu vou cortar as duas pernas dele e os dois braços", diz Manoel.
Em outro trecho, ele pede que um membro do grupo, conhecido como Pirata, vá até uma loja na comunidade e tire o carro que estava atrapalhando o caminho na região.

Cabelo: Vai lá em frente à loja do João lá, tem um carro parado. Tá atrapalhando o caminhão, entendeu? Não tem nem uma saída. Eu tô aqui na Barra, vai lá. Se o carro tiver lá no meio, leva a empilhadeira e tira ele do meio lá e taca fogo nele.

Pirata: De frente ao depósito.

Cabelo: Lá em frente ao João da Domini.

Pirata: Tá, valeu.

Denúncias anônimas encaminhadas ao Ministério Público também dizem que os milicianos agrediam quem não concordasse com seus métodos. A cobrança de taxas referentes à internet clandestina (R$ 50), tv a cabo (R$ 70), gás (R$ 90) e "gatos" de luz (R$ 100) também é frequentemente citada no Disque Denúncia.

Cobrança de aluguel
Outra escuta flagrou Cabelo discutindo a falta de pagamento do aluguel de um apartamento na região. A ordem era não deixar o morador entrar no imóvel caso a dívida não fosse paga até o dia 5 de novembro de 2018:

Cabelo: Se ele não pagar o aluguel hoje, amanhã é pra travar, não deixar ele entrar não, tá?

Voz masculina: A L. já pagou, o 402 já pagou. Manuel, não pagou não, não pagou não, tá sem pagar mesmo.

Cabelo: Se ele não pagar hoje, amanhã não é pra deixar ele entrar não, tá?"

Segundo denúncias anônimas enviadas ao Ministério Público, os apartamentos desocupados por quem não havia efetuado o pagamento aos milicianos eram alugados, irregularmente, pelo grupo.

Plantas de imóveis e projetos

Preso nesta terça-feira, o major da PM Ronald Paulo Alves Pereira, conhecido como Tartaruga, um dos principais líderes da milícia na região de Rio das Pedras e Muzema, mantinha em sua casa plantas de imóveis e documentação de loteamento de terrenos.

Os documentos mostram o envolvimento dele com a atividade imobiliária ilegal, de acordo com a quebra de sigilo telefônico autorizada pela Justiça. Ele também tinha em seus arquivos diversos documentos de homens ligados ao grupo dentro da organização criminosa.

A operação
Nesta terça, equipes da força-tarefa do Ministério Público e da Polícia Civil do Rio de Janeiro foram a endereços da Zona Oeste do Rio, nas favelas de Rio das Pedras e da Muzema, e nos bairros da Barra, Recreio, Vargem Grande e Vargem Pequena.

Além dos mandados de prisão, foram cumpridos mandados de busca e apreensão nos endereços dos denunciados e de algumas empresas relacionadas ao grupo criminoso. Em um condomínio no Recreio, uma equipe apreendeu dois celulares.

Segundo as investigações, o capitão Adriano, o major Ronald e o tenente Maurição, presos ontem, são os líderes da organização. O grupo usava a Associação de Moradores de Rio das Pedras, presidida por Beto Bomba, para fazer transações de compra e venda dos imóveis construídos ilegalmente e a manipulação de documentos necessários à concretização de operações ilícitas.

Beto Bomba, ainda de acordo com o MP, tinha informações privilegiadas sobre operações policiais realizadas nas localidades dominadas, sempre alertando seus subordinados com antecedência.

As investigações se baseiam em escutas telefônicas e relatos recebidos pelo Disque Denúncia.

Segundo os promotores, na Associação de Moradores da Muzema e de Rio das Pedras havia farta documentação de venda de imóveis e cheques de grandes quantias assinados nominalmente, que foram apreendidos, além de talões de cheques também assinados.

Denunciados e presos
Maurício Silva da Costa, o tenente reformado conhecido como Maurição, Careca, Coroa ou Velho - preso
Ronald Paulo Alves Pereira, o major da PM conhecido como Major Ronald ou Tartaruga; segundo as investigações, é chefe da milícia da Muzema e grileiro nas regiões de Vargem Grande e Vargem Pequena - preso
Laerte Silva de Lima - preso
Manoel de Brito Batisa, o Cabelo - preso
Benedito Aurélio Ferreira Carvalho, o Aurélio - preso
Adriano Magalhães da Nóbrega, Adriano ou Gordinho, ex-capitão do Bope;
Daniel Alves de Souza;
Fabiano Cordeiro Ferreira, o Mágico;
Fábio Campelo Lima;
Gerardo Alves Mascarenhas, o Pirata;
Jorge Alberto Moreth, o Beto Bomba;
Júlio Cesar Veloso Serra;
Marcus Vinicius Reis dos Santos, o Fininho.
Tags: Escutas revelam amea - Escutas telefônicas

Fonte: globo �|� Publicado por: Da Redação
Comente atrav�s do Facebook
Mat�rias Relacionadas
Publicidade Assembléia Legislativa (ALEPI)
Publicidade FSA
Publicidade FIEPI