
Em entrevista coletiva concedida na tarde desta sexta-feira (9) na Casa Branca, em Washington (EUA), o presidente Barack Obama anunciou medidas para aumentar a transparência dos controversos programas de vigilância e, assim, reforçar a confiança dos norte-americanos nas ações da Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês).
Os detalhes do vasto programa de espionagem dos EUA foram revelados por Edward Snowden, um ex-funcionário do setor de inteligência da NSA. Snowden conseguiu asilo político na Rússia na última semana.
Embora Obama tenha reafirmado que não considera o programa abusivo, o democrata disse que entende a "apreensão" da população.
"Não é suficiente para mim, como presidente, ter confiança nesses programas. O povo americano tem que ter confiança também. Nós podemos e devemos ser mais transparentes", disse Obama. "E, para os outros em todo o mundo, quero deixar claro, mais uma vez, que os Estados Unidos não estão interessados em vigiar as pessoas comuns", continuou.
Entre as medidas, Obama anunciou que pedirá ao Congresso para rever a polêmica seção 215 do chamado Ato Patriota (Patriot Act) --aprovada após os ataques de 11 de Setembro--, que permite a coleta de registros telefônicos. O presidente também anunciou a criação de uma força-tarefa de alto nível de inteligência que trabalhará em conjunto com especialistas em liberdade civil para ajudar o governo a equilibrar as metas de segurança com o respeito à privacidade.
"Todos estes passos são projetados para garantir que o povo americano esteja em linha com os nossos interesses e os nossos valores", afirmou Obama.
O presidente ainda criticou Snowden, dizendo que não o considera um patriota. "Não acho que o senhor Snowden seja um patriota. Ele foi acusado de três crimes. Se ele acha que fez o certo, que então compareça perante a Justiça com um advogado, como qualquer cidadão americano." Para Obama, Snowden tinha à disposição outros "canais" para expressar sua "inquietação".
Rússia
Sobre sua relação com a Rússia --estremecida após o asilo a Snowden--, Obama afirmou que os EUA não vão boicotar os Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi, em 2014, como pediram vários membros do Congresso por conta das medidas contra homossexuais na Rússia.
"Quero deixar claro que não acho que seja apropriado boicotar os Jogos, embora ninguém esteja mais ofendido do que eu por algumas da legislações anti-homossexuais na Rússia", disse Obama hoje, dois dias após anunciar que não se reunirá em setembro com o presidente russo, Vladimir Putin.(Com jornais e agências internacionais)