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Gil Rugai chega a fórum para 2

Gil Rugai c.hega a fórum para 2º dia de júri e volta a dizer que é inocente

Publicada em 19 de Fevereiro de 2013 �s 12h30


 O ex-seminarista Gil Rugai, acusado de matar o pai e a madrasta, reafirmou nesta terça-feira (19), ao chegar para o segundo dia de seu julgamento, no Fórum Criminal da Barra Funda, na Zona Oeste de São Paulo, que é inocente. "Eu não matei. Sou inocente", disse. Gil chegou ao local por volta das 9h45. Os trabalhos do tribunal do júri estavam previstos para recomeçar as 9h30.
Neste segundo dia, mais duas testemunhas de acusação, Alberto Bazaia Neto, amigo de Gil Rugai, e o delegado Rodolfo Chiarelli, que presidiu o inquérito que investigou o caso, deverão ser ouvidos. Em seguida, estão previstas o depoimento de ao menos nove testemunhas da defesa e, por último, mais uma do juízo.
O advogado de Gil, Marcelo Celler, considerou o primeiro dia de julgamento uma batalha ganha. Ainda tem toda uma guerra pela frente para ser enfrentada". Celler afirmou que a defesa deverá apresentar nesta terça-feira um dos dois suspeitos que para ele cometeu o crime. A defesa pretende nomear o suspeito durante o depoimento do delegado Chiarelli. "Ele [o delegado] será questionado sobre linhas de investigação que não seguiu".
Ao chegar ao fórum, o advogado Ubirajara Mangini K. Pereira, assistente de acusação do promotor Rogério Leão Zagallo no julgamento, questionou a estratégia da defesa de apresentar suspeitos para o crime durante o julgamento. "Nunca apareceram outros suspeitos no processo. Já deveria ter aparecido. Chegar agora e falar que tais pessoas são acusadas, acho que isso é um blefe".

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O primeiro dia de julgamento foi interrompido às 21h desta segunda-feira (18) com uma polêmica entre acusação e defesa em relação a um erro em um vídeo de realidade virtual feito com auxílio da perícia do Instituto de Criminalística (IC). No filme, foi apresentado o solado do sapato que seria de Rugai e a sola do réu. Mas, em vez de utilizar um sapato do pé direito, a simulação usou um esquerdo.
O advogado Ubirajara Mangini Pereira admitiu, na noite desta segunda-feira, que o 'lapso' no vídeo pode gerar uma dúvida nos jurados em relação à participação do réu nas mortes de Luiz Carlos Rugai e Alessandra de Fátima Troitino. "Pode colocar sim (uma dúvida grande nos jurados). Agora vai caber à defesa e à acusação aproveitar isso. Nós estamos convictos quanto à conclusão dos laudos", admitiu Pereira.

Marcelo Feller, um dos advogados de defesa de Gil Rugai, por sua vez, aproveitou o engano cometido no vídeo para tentar desqualificar todo o trabalho feito pela perícia na época bem como o depoimento do perito Adriano Iassmu Yonamine, o segundo a ser ouvido no primeiro dia de julgamento.
"Foi feito com o sapato errado. Trocaram o pé direito pelo pé esquerdo Tanto fizeram, tanto disseram , tanto queriam dizer que era o pé do Gil Rugai que fizeram o pé direito do Gil entrar no sapato esquerdo. Isso não é perícia, é pseudo ciência. Isso é piada pronta", ironizou Feller.
Depois de dar seu depoimento no júri, Adriano Yonamine admitiu, ao deixar o fórum, o engano no vídeo, mas que este não invalida as conclusões do laudo. "Foi um engano que a gente cometeu, provavelmente na pressa, e a gente colocou a imagem invertida. Só isso. É só uma questão de imagem. Mas não afeta em nada a conclusão do laudo", declarou.
Presença inequívoca
Para Yonamine, as perícias realizadas onde Luiz Carlos Rugai e Alessandra de Fátima Troitino foram mortos apontaram “a presença inequívoca de Gil Rugai” no local do crime.

O réu, segundo o perito, teria desferido um chute que arrombou a porta de uma sala de TV, na qual Luiz Carlos Rugai teria se refugiado para evitar ser morto. “Não resta dúvida que o chute foi desferido pelo réu.”

Na ocasião, o chute desferido deixou a impressão do solado de um sapato, marca essa que foi objeto de estudo por parte da perícia. Os testes realizados apontaram ao menos três compatibilidades relacionadas à presença do réu no local do crime.

De acordo com Yonamine, Gil Rugai, com base em sua altura, 1,63m, e compleição física, seria capaz de desferir o chute na altura, de 78 cm, em que deixou a impressão do solado na porta. Além disso, a impressão do solado era compatível com o tamanho do pé do réu, o que foi apontado em análises realizadas em sapatos do acusado.
Em terceiro lugar, exames de ressonância comprovaram que Gil Rugai apresentava uma lesão no terço médio do pé direito. “Os profissionais consultados atestaram que essa lesão só é provocada mediante forte impacto”, disse Yonamine.

Devido às compatibilidades relacionadas ao réu apontadas pelos laudos, Yonamine afirmou que não tem dúvidas de Gil Rugai estava presente no local no dia do crime. “Tudo isso converge para o réu. Coincide mesmo, encaixa perfeitamente. É certeza (que o réu deu o chute), porque todos os elementos apontam para ele”, declarou.

Lesão
Mais cedo, nesta segunda-feira, o perito Daniel Romero Munhoz, professor de medicina legal, confirmou que o réu tinha uma lesão no pé após o assassinato de seu pai e de sua madrasta. A testemunha, porém, evitou apontar o que causou tal machucado. “Eventos dos mais variados podem causar esse tipo de lesão. Seria temerário chutar coisas aqui", respondeu após ser questionado pelo advogado Thiago Gomes Anastácio, defensor de Rugai.

Para a acusação, a lesão foi causada por um chute na porta da casa das vítimas. No local do crime foi encontrada a marca de um pé. A defesa do ex-seminarista questionou se o perito chegou a ligar a porta arrombada à lesão no pé do jovem. O médico afirmou que fez exames somente no réu, e não na cena do crime, que é de responsabilidade do Instituto de Criminalística. “Não tinha porta nenhuma para examinar, só o pé dele”, disse.
O perito contou que, à época do exame, perguntou a Rugai se ele havia sofrido alguma lesão nos membros inferiores. Apesar da negativa, uma tomografia encontrou indícios de que o jovem havia sofrido impacto no pé. “O exame mostrou edema de natureza contusional [...] Pelas características, era uma lesão aguda, de provavelmente algumas semanas.”
Durante o depoimento do médico, que durou cerca de uma hora, o réu observou com atenção seus defensores, a testemunha e, à vezes, o plenário lotado do fórum.

Depoimentos
A primeira testemunha ouvida no julgamento estudante e ex-seminarista Gil Rugai é o homem que trabalhava como vigia na rua onde o crime ocorreu. No começo da tarde desta segunda-feira, diante do júri, ele confirmou ter visto o réu saindo da casa junto com outra pessoa na noite de 28 de março de 2004.
Por causa de ameaças, ele disse que se arrepende de ter contado o que viu ainda durante as investigações.

Considerado testemunha protegida, ele não teve o nome divulgado pelo Tribunal de Justiça. Em seu depoimento, o vigilante disse ao juiz Adilson Paukoski Simoni que viu Gil Rugai sair da casa onde foram mortos o pai e a madrasta por volta das 21h no dia do crime, acompanhando de uma pessoa.
O advogado Thiago Anastácio, que defende o acusado, tentou desqualificar a versão do vigia ao questioná-lo sobre diversos pontos. A defesa começou a fazer testes de percepção com a testemunha, perguntando se todo mundo na rua poderia ouvir os tiros. “O fato é que o senhor estava a 80 metros e ouviu os tiros e o outro vigia estava a 20 metros e não relatou isso.”
O vigia respondeu que não estava na guarita no momento dos tiros. A defesa argumentou que toda a perícia foi feita com base na guarita, e que agora a testemunha mudou a versão. Os advogados de Gil Rugai perguntaram sobre os disparos. O vigia contou que pensou, inicialmente, que se tratava de bombinhas e só descobriu que eram disparos quando a polícia chegou. O defensor rebateu, questionando por que o vigia se escondeu atrás de uma árvore por causa de bombinhas.

O vigia também entrou em contradição quanto ao sexo das pessoas que saíram após os disparos. Inicialmente, o homem contou que viu dois homens; depois, que não sabia qual o gênero da dupla.
“Há dez segundos perguntei se era um homem e uma mulher, e o senhor disse que não sabia. O que o fez mudar de ideia?”, perguntou o advogado. “Saíram duas pessoas lá de dentro”, foi a resposta da testemunha. O advogado mais uma vez rebateu perguntando como o vigia conseguiu identificar o suspensório sob o casaco e não distinguiu se eram dois homens ou um homem e uma mulher.

O julgamento
O julgamento começou com atraso de mais de 3 horas, por volta das 13h15 no Fórum da Barra Funda. Um problema na instalação de um dos computadores atrasou o início dos trabalhos. O réu, que nega ter matado o pai e a madrasta, em 2004, disse ao chegar para o júri que tenta manter a calma.

Caberá a sete jurados – cinco homens e duas mulheres, escolhidos por sorteio - decidirem, a partir das provas da acusação e da defesa, se Gil Rugai matou ou não pai, Luiz Carlos Rugai, e a madrasta Alessandra de Fátima Troitino. Além do homicídio, o réu também é acusado de estelionato. O processo tem 19 volumes, com 200 folhas cada um. Recentemente, a defesa acrescentou 1,8 mil folhas com provas que atestariam que o estudante não cometeu o crime.
O réu, que atualmente tem 29 anos de idade, responde ao processo em liberdade, mas já chegou a ficar preso por dois anos. Na tentativa de despistar a imprensa, a defesa do réu colocou o irmão de Gil Rugai, que se parece muito com o acusado, para passar próximo aos repórteres e organizou a entrada do réu por uma porta lateral, acompanhado da mãe.

Crime
O casal foi morto com 11 tiros na residência em que morava na Rua Atibaia, em Perdizes, na Zona Oeste da cidade. No mesmo processo pelo homicídio, Gil Rugai responde ainda a acusação de ter dado um desfalque de mais de R$ 25 mil, em valores da época, à empresa do pai. Razão pela qual havia sido expulso do imóvel cinco dias antes do crime. Ele cuidava da contabilidade da ‘Referência Filmes’.
Contra o réu, a Promotoria diz ter como provas: a arma do crime, achada no prédio onde Gil Rugai mantinha um escritório e uma pegada na porta da casa das vítimas que foi arrombada pelo assassino. Quem acusa é o promotor do caso, Rogério Leão Zagallo.
O julgamento de Gil Rugai já foi adiado por duas vezes, em 2011 e 2012, por causa de pedidos da defesa, que solicitou à Justiça a realização de um novo exame de DNA do sangue recolhido na cena do crime e do acusado. Além disso, pediu esclarecimentos de um perito.
Apesar do vigia relatar ter visto Gil Rugai e uma outra pessoa não identificada saírem juntos da casa das vítimas na noite do crime, a Polícia Civil, só conseguiu apontar o estudante como o principal e único suspeito pelos assassinatos. A única pessoa investigada como suposta comparsa de Gil Rugai foi Maristela Greco, mãe do estudante. Mas como ela apresentou um álibi que convenceu os investigadores e foi descartada a participação dela no crime.
Em entrevista ao Fantástico em 2004, Gil Rugai negou ter matado as vítimas. "Nunca conseguiria fazer isso. Nunca conseguiria matar uma pessoa, imagina, é absurdo", disse o estudante naquela ocasião.
Tags: Gil Rugai chega - O ex-seminarista Gil

Fonte: globo �|� Publicado por: Da Redação
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