A Justiça de Mato Grosso determinou o bloqueio de R$ 210 mil das contas dos promotores de um show realizado domingo passado (4) pela dupla sertaneja Zezé di Camargo e Luciano em uma feira agropecuária em Diamantino (290 km de Cuiabá).
O evento foi promovido por uma entidade privada, cobrou ingressos e vendeu vagas em camarotes. De acordo com o Ministério Público Estadual, porém, quem pagou o cachê à dupla foi a prefeitura.
"Enquanto os organizadores do evento arrecadam toda a receita relativa ao evento, cabe, em última análise, ao povo custear o show artístico de maior importância, por meio de verba pública municipal", criticou a Promotoria.
O pedido de bloqueio das contas foi feito pela promotora Anne Wiegert, que disse ter descoberto a situação por meio de uma denúncia anônima.
"Requisitamos informações ao prefeito e ele nos encaminhou nota de empenho, mas não nos esclareceu se o recurso já havia sido repassado integralmente à dupla. Diante disso, ingressamos com ação cautelar", afirmou, em nota.
A Expodiamantino é promovida pelo sindicato dos produtores rurais e pela associação comercial do município. Na ação, a Promotoria relata que o evento vendeu cotas de patrocínio, alugou espaços (de R$ 500 a R$ 7.000) e ainda vendeu ingressos.
De acordo com a promotora, uma segunda ação será proposta para apurar improbidade administrativa e pedir a devolução do dinheiro. "Se o montante bloqueado não atingir os R$ 210 mil, buscaremos os meios legais para garantir que os requeridos efetuem o pagamento", disse.
Procurado, o prefeito de Diamantino, Juviano Lincoln (PPS), disse que não iria se pronunciar.
O presidente do Sindicato Rural, Milton Criveleto, pediu que todas as questões fossem encaminhadas ao seu endereço de e-mail, mas não as respondeu até a conclusão desta reportagem.
A assessoria da dupla Zezé di Camargo e Luciano disse, em nota, que o contrato para o show foi assinado com o sindicato rural pelo valor de R$ 150 mil.
O valor, segundo a nota, foi pago por meio de depósitos bancários realizados entre março e agosto, "não tendo nenhum pagamento sido realizado pela Municipalidade, já que isso requereria ajustes e procedimentos próprios previamente elaborados."
"Nossa empresa nem os artistas não tiveram nem têm, em absoluto, conhecimento sobre qualquer relação entre o sindicato contratante e a municipalidade, tendo sido contratada, prestado os serviços e recebido o preço ajustado na forma convencional, como faz rotineiramente."
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