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Justiça não requisita presença

Justiça não requisita presença de Adão e oitiva de menores é suspensa.

Publicada em 29 de Setembro de 2016 �s 22h00


Os três adolescentes condenados no estupro coletivo em Castelo do Piauí e arrolados como testemunhas de defesa no processo contra Adão José Silva Sousa, 42 anos, tido como mentor do crime, estiveram na manhã desta quinta-feira (29) na 8ª Vara Criminal em Teresina para serem ouvidos por carta precatória. No entanto, a audiência teve que ser cancelada porque a Justiça não requisitou a presença de Adão.

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"Não houve audiência porque o Adão se encontra preso em Altos e não esteve presente na audiência. Eu não sabia que ele não tinha sido requisitado na audiência que aconteceria hoje, e por conta disso, tive que suspender”, explicou o juiz Washington Luís Gonçalves Correia, da 8ª Vara Criminal.

O magistrado falou ainda que para a próxima audiência já requisitou a presença de Adão para que possa acompanhar o interrogatório dos três adolescentes. É a segunda vez que uma audiência do mesmo processo é suspensa após o réu não ter sido requisitado.

Os menores foram condenados a cumprir medida socioeducativa no Centro Educacional Masculino (CEM) em Teresina após terem sido investigados pela polícia e pelo Ministério Público Estadual por participação no estupro coletivo contra quatro amigas em maio do ano passado na cidade de Castelo do Piauí.

"São testemunhas que estão retidas no CEM e foram arroladas pela defesa do Adão. Seriam ouvidas para falar sobre o andamento do processo contra ele”, completou.
A carta precatória para que os adolescentes fossem interrogados foi solicitada pelo juiz Leonardo Brasileiro, da Comarca de Castelo do Piauí.

“A audiência só vai ser realizada após a devolução das cartas precatórias de Teresina, já que estas foram enviadas com a finalidade de oitivas de algumas testemunhas. Ainda faltam duas de defesa que residem em Campo Maior, mas essas serão ouvidas no final, antes do interrogatório do acusado”, explicou o juiz Leonardo Brasileiro.
Outras audiências
No dia 12 de setembro, a Justiça ouviu 17 testemunhas entre defesa e acusação durante audiência de instrução que aconteceu no Fórum de Campo Maior. As audiências de instrução decidem, com base em provas e testemunhas, se o réu acusado de homicídio doloso vai ou não para o júri popular.

O defensor público Arilson Pereira ressaltou que o testemunho dos menores será um ponto importante para o desenrolar do julgamento.
A audiência realizada em Campo Maior foi a segunda, já que uma primeira sessão havia sido realizada em julho, mas foi suspensa após o defensor público alegar que o réu não havia sido requisitado para participar dos depoimentos.
O crime ocorreu em maio do ano passado. Além de Adão, quatro adolescentes foram apontados pela polícia e Ministério Público por participação nos abusos e espancamentos contra quatro garotas. Um dos menores foi morto dentro do alojamento quando já cumpria medida socioeducativa.
Acusado se diz inocente
Em maio deste ano, o G1 teve acesso ao presídio onde Adão José está preso e conversou com o acusado. Ele alega inocência e disse que nem estava na cidade no dia do crime.

“Não sei por que citaram o meu nome e até hoje não sei por que a Justiça não encontrou o verdadeiro culpado. As meninas sabem a verdade, sabem quem encostou nelas. Eu não fiz essa barbaridade, não sou estuprador, nunca obriguei ninguém a ter nada (relação sexual) comigo”, falou.
Além dele, quatro adolescentes, já condenados a cumprir medida socioeducativa, foram citados pela polícia e MP por estuprar, agredir e arremessar do alto de um penhasco de cerca de 10 metros de altura quatro amigas que fotografavam no Morro do Garrote, ponto turístico da região. Uma das meninas não resistiu aos graves ferimentos e morreu.

Em sua defesa, Adão diz que no dia 27 de maio estava em Campo Maior, cidade distante de Castelo cerca de 100 km. Ele confessa, no entanto, que foi para lá fugindo da polícia por ter assaltado e baleado a gerente de um posto de combustível. O assalto ocorreu numa sexta-feira, 22 de maio, cinco dias antes do estupro coletivo.

“Fugi pela linha do trem no sábado, umas 18h. Andei pela mata e peguei carona com um mototaxi e na segunda-feira cheguei em Campo Maior. Eu não estava em Castelo no dia desse estupro, não conhecia essas meninas. Nunca vi essas meninas. Eu tenho testemunhas pra dizer que eu estava em Campo Maior”, contou.

Quando Adão foi preso, os policiais encontraram na casa dos pais dele uma bermuda com vestígios semelhantes a sangue e esperma. O material foi submetido a exames de DNA e, segundo o delegado Laércio Evangelista, que acompanhou o caso, os laudos comprovaram que Adão e dois dos quatro menores, participaram do estupro coletivo contra as garotas.
Condenado em outros processos
Essa não é a primeira vez que Adão experimenta a reclusão. Natural de Castelo do Piauí, ele foi embora para São Paulo em busca de trabalho no início da década de 1990, quando era adolescente. Foi no estado paulista que deu início o seu enredo pelo mundo do crime.

O primeiro processo veio em 2002, quando foi preso por tráfico de drogas e condenado pela Justiça a cumprir três anos em regime fechado. Na sequência, logo após o cumprimento da pena em 2005, ele foi novamente detido, desta vez por porte ilegal de arma. Adão cumpria a sentença no regime semiaberto quando voltou a ser preso por tráfico. Reincidente, ele pegou uma pena maior: 10 anos, 10 meses e 21 dias de reclusão em regime fechado.

Adão deixou o sistema carcerário em 2013 para cumprir o restante da pena no semiaberto domiciliar, mas se ausentou de São Paulo sem autorização e estava sendo considerado foragido da Justiça quando veio para o Piauí. Ele estava há pouco menos de dois meses em Castelo quando aconteceu a barbárie.
Tags: Justiça não requisit - Os três adolescentes

Fonte: globo �|� Publicado por: Da Redação
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