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Crise no Oriente Médio.

Líder rebelde faz ultimato a Gaddafi em meio a crescente pressão internacional

Publicada em 08 de Março de 2011 �s 13h32


O líder de um grupo rebelde afirmou nesta terça-feira (8) que Muammar Gaddafi não será perseguido pelos crimes que teriam sido cometidos contra civis na Líbia se o ditador deixar o poder nas próximas 72 horas. O ultimato vem às vésperas de uma reunião da Liga Árabe para aumentar a pressão sobre o líder autoritário mais antigo da África e no momento em que potências internacionais consideram seriamente uma área de exclusão aérea para evitar bombardeios contra os insurgentes.

"Se ele deixar a Líbia imediatamente, em 72 horas, e parar com os bombardeios, nós, líbios, não vamos persegui-lo por seus crimes", disse por telefone Mustafa Abdel Jalil, ex-ministro da Justiça e presidente da organização Conselho Nacional Líbio, à rede de televisão Al Jazeera. Ele afirmou que o ultimato não será prorrogado. O grupo tem sede na cidade de Benghazi, no leste do país.

Além disso, os membros da União Europeia (UE) decidiram nesta terça-feira ampliar suas sanções econômicas contra o regime político líbio e congelar os ativos do fundo soberano do país e de outras instituições locais, informaram fontes diplomáticas. As novas medidas ainda devem ser aprovadas formalmente, provavelmente antes de sexta-feira, quando se reúnem em Bruxelas os chefes de Estado e de Governo do bloco para tratar da questão líbia.

Exclusão aérea

A opção de decretar uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia, por outro lado, começa a ganhar cada vez mais respaldo internacional. As monarquias árabes do Golfo Pérsico declararam-se a favor da ação, assim como o chefe da Organização da Conferência Islâmica (OCI), o turco Ekmeleddin Ihsanoglu. "Nos unimos àqueles que pedem o estabelecimento de uma zona de exclusão aérea, e pedimos ao Conselho de Segurança da ONU que assuma suas responsabilidades neste sentido", disse ele.

A OCI é integrada por 57 países muçulmanos, representando uma população total de mais de um bilhão de habitantes.
Fontes diplomáticas revelaram que França e Reino Unido estão elaborando um projeto de resolução que será submetido o mais rápido possível à aprovação dos quinze membros do Conselho de Segurança da ONU. "Há um sentimento de urgência. Não podemos deixar que a população seja massacrada sem dizer nada", destacou uma das fontes.

A aprovação da resolução, entretanto, ainda precisa vencer a resistência de Rússia e China, dois dos cinco membros permanentes do Conselho, que contam com direito de veto. Os russos dizem ser completamente contra qualquer tipo de ingerência militar estrangeira na Líbia. Em Washington, a pressão aumenta em torno de três opções: enviar ajuda militar aos insurgentes, criar uma zona de exclusão aérea ou destruir as pistas dos aeroportos. O chanceler líbio acusou Estados Unidos, Reino Unido e França de conspirar contra a Líbia para dividir o país.

Sem diálogo

O regime líbio negou hoje que Gaddafi tenha apresentado uma oferta de negociação à oposição. "É irritante ter que comentar uma bobagem deste tipo", declarou uma fonte governamental que não quis se identificar, segundo a agência AFP. Segundo fontes da oposição, um representante do ditador líbio propôs a abertura de negociações com a oposição, mas a oferta foi rejeitada imediatamente

"Penso que houve uma tentativa das pessoas ligadas a Gaddafi com o Conselho Nacional provisório. Foi rejeitada", declarou Mustafah Gheriani, porta-voz da oposição em Benghazi. "Não vamos negociar com ele. [Gaddafi] Sabe onde fica o aeroporto de Trípoli e o que deve fazer é ir embora e acabar com o banho de sangue", completou.

Nem mesmo no vizinho Sudão, que passou anos em guerra civil por conta da região de Darfur - recém-transformado em Sudão do Sul - Gaddafi parece contar com ouvidos disponíveis. Mais cedo, a Universidade de Cartum anunciou que o ditador ficará sem o título de doutor honoris causa concedido pela instituição. O título foi dado ao líder líbio em 1996. A decisão, segundo o conselho da universidade, foi cancelada por causa da violência contra a população do país.

Reunião árabe

Os ministros de exterior dos países árabes realizarão uma reunião de urgência no próximo sábado, dia 12 de março, para tratar a situação na Líbia. A reunião foi convocada inicialmente para sexta-feira, mas foi postergada 24 horas pela possibilidade de ser afetada pelas manifestações que costumam ocorrer nas sextas-feiras na praça Tahrir, muito perto da sede da organização árabe, no Cairo. É a primeira reunião extraordinária para analisar o conflito na Líbia.

O chefe do escritório do secretário-geral da Liga Árabe, Hisham Yusef, disse aos jornalistas que a decisão se tomou após o pedido de alguns países árabes ao respeito. Além disso, o encontro será realizado após as consultas que manteve o secretário-geral da organização, Amr Moussa, com os ministros árabes. No dia 2 de março, a Liga Árabe confirmou o isolamento a que tem submetido ao regime de Gaddafi e condenou em duros termos os ataques contra a população, mas também rejeitou uma intervenção militar externa.

Em reunião preparatória da próxima cúpula de Bagdá, os ministros árabes também anunciaram sua intenção de fazer consultas para "recorrer à imposição de uma zona de exclusão área" na Líbia.

A Liga Árabe, que tinha a Líbia como presidente rotativo, anunciou no comunicado final que mantém a suspensão da Líbia em sua participação nessa organização "até que as autoridades líbias respondam às demandas reivindicações". Na cúpula de Bagdá, que foi adiada para 15 de maio, a Líbia deveria passar a presidência rotatória da organização pan-árabe ao Iraque, país anfitrião da reunião.

A crise humanitária na Líbia provocou em duas semanas o êxodo de mais de 215 mil pessoas, de acordo com o Alto Comissariado para Refugiados da ONU (ACNUR). O fluxo para Tunísia, Egito e Níger desacelerou nos últimos dias, por conta da intensificação dos combates no oeste da Líbia.

*Com agências internacionais



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Tags: Crise no Orente médi - crise

Fonte: uol �|� Publicado por: Claudete Miranda
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