Moradores da Av. Boa Esperança
Os moradores da Avenida Boa Esperança, localizada no bairro São Joaquim, Zona Norte de Teresina, protestam contra a desapropriação de suas casas, já que a avenida é parte importante da expansão do projeto Lagoas do Norte. Segundo a prefeitura, as famílias serão movidas para uma área do Parque Brasil III, localizada no bairro Santa Maria da Codipe, Zona Norte de Teresina.
Os moradores são contra essa mudança e contam que viram aquela região se desenvolver. "Isso aqui era só um buraco para descer para a lagoa, hoje está um terreno bonito, bem ajeitado, eu acho difícil para a gente sair daqui, perder todo o suor que gastou e entregar para a prefeitura", contou o morador Manoel Coimbra, que está na região há 40 anos.
Segundo a líder comunitária, Maria Lúcia de Oliveira, as pessoas idosas que moram na região estão adoecendo devido à pressão da prefeitura para a desapropriação. “Essas pessoas têm raízes aqui e o que mais deixa a gente indignado é essa falta de diálogo da prefeitura, ela só coloca a parte dela, só diz que essa área é importante para Teresina. E é, mas desde que a gente fique aqui porque nós não somos contra o progresso mas queremos ser inseridos nele porque ajudamos a construir a história dessa cidade", explicou.
Faz três anos que as decisões sobre a desapropriação se arrastam e os moradores estão preocupados com a situação. A professora Ana Célia Moura, contou que moradores estão sendo ameaçados para desistir de suas casas.
"Alguns desses contatos com um tom de ameaça, do tipo 'melhor você fazer porque ganhando pouco é melhor que você perder tudo'. Quando a gente sabe que isso é ameaça, o nome disso é coação e que não parte de uma verdade, que na realidade essa área nós estamos aqui há mais de 50 anos e as pessoas que são mais velhas estão adoecendo em função disso tudo", contou.
Leonardo Madeira, diretor-executivo do Programa Lagoas do Norte, comentou sobre o impasse entre prefeitura e moradores, que já se estende desde 2014. “Chegou-se ao entendimento de que é necessário se fazer um projeto estrutural de requalificação urbana e ambiental, e só depois desse projeto teremos condições de dizer quantas e quais famílias poderão sair da região. Vale ressaltar que o Programa Lagoas do Norte não se resume à Avenida Boa Esperança, ele contempla 13 bairros ou pelo menos 100 mil pessoas beneficiadas na região”, declarou.
Os moradores alegam que no início deste ano houve uma reunião, e que nessa reunião gerou-se uma ata, que apontava que nenhuma intervenção poderá ser feita sem a presença de representantes dos moradores, dos órgãos ministeriais e da prefeitura. Sobre essa questão, Leonardo negou a existência de qualquer acordo entre prefeitura e moradores.
“A prefeitura desconhece esse tipo de acordo e trabalha no entendimento que foi acordado com os órgãos ministeriais de elaborar um termo de referência para a contratação de um projeto que vai dirimir toda e qualquer dúvida em relação à região”, completa.
O representante do Lagoas do Norte declarou, ainda, que não há qualquer abordagem por parte da prefeitura para com os moradores da Avenida Boa Esperança, negando as acusações feitas por moradores de que as famílias estariam sendo coagidas por representantes da prefeitura a sair do local.
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