Publicada em 05 de Maio de 2015 �s 14h53
Aproximadamente trinta pedidos de indultos, requeridos pela Coordenação de Execução Penal da Defensoria Pública do Estado do Piauí, foram analisadas na Vara de Execuções Penais da Comarca de Teresina no último dia 30 de abril. A ação foi resultado do mutirão de indulto (perdão) e comutação (redução) de penas, iniciado no mês de fevereiro do corrente ano pela DPE, em parceria com o Judiciário e o Ministério Público, objetivando beneficiar diversos apenados que cumprem pena neste Estado.
Anualmente, as regras do indulto natalino são estabelecidas em Decreto da Presidência da República, o qual prevê a concessão do benefício somente ao apenado condenado por crimes menos graves, que terão sua pena extinta, caso ainda não a tenha cumprido totalmente, ou reduzida.
A defensora pública Glícia Rodrigues Batista Martins, coordenadora de Execução Penal e Titular da 2ª Defensoria Pública de Execução Penal da DPE-PI, esteve à frente dos trabalhos, que contaram com a condução do juiz da Vara, Vidal de Freitas Filho.
Segundo Vidal Freitas, todo ano é uma tradição do direito no Brasil que no dia 25 de dezembro o Presidente da República baixe um Decreto que, segundo certos requisitos, extingue ou reduz penas de apenados. Só que esse Decreto concede o direito, mas para ele ser efetivado é necessária uma decisão judicial emitida pelo juiz competente. "Então, juntamente com a Defensoria Pública e o Ministério Público estamos fazendo um exame mais aprofundado de todos os processos, para saber quem efetivamente tem esse direito. Estamos realizando um mutirão e o resultado tem sido tão expressivo que tivemos reforço de servidores para essa finalidade, auxiliando na análise desses processos. Noventa e sete indultos já foram concedidos e esses 30 casos analisados podem resultar também em indulto. E ainda há cerca de dois mil processos a serem analisados. Está sendo assegurado, em um esforço maior, o direito dessas pessoas. Estamos contribuindo ainda para reduzir a superlotação do sistema prisional, pois estamos dando prioridade para aqueles processos de pessoas que já estão presas", afirmou o juiz.
Para a defensora Glícia Batista Martins “a realização da audiência representou a concretização de um trabalho e esforço da Defensoria Pública, do Judiciário e do Ministério Público, que priorizando a oralidade e agilidade na apreciação dos pedidos de indulto/comutação, após analise dos processos e identificação de apenados que poderão ser beneficiados, estamos contribuindo para redução da superlotação nas Unidades Prisionais do Estado, bem como garantindo o reconhecimento de um direito aos nossos assistidos. O mutirão de indulto e comutação de penas, realizado de forma inédita no Estado do Piauí já aponta resultados positivos, considerando que em pouco tempo foram requeridos pela Coordenação de Execução Penal cerca 140 pedidos de declaração de indultos/comutação de penas. Pretendemos com este trabalho revisar a situação de todos os assistidos, velando pelo correto cumprimento de suas penas. Aqueles que tiverem direito ao benefício, por este esforço conjunto, terão sua pena declarada extinta ou reduzida”, disse
Glícia Rodrigues Martins destacou a importância do mutirão. “Com o reconhecimento do indulto e comutação de penas, buscamos a implementação de políticas criminais necessárias para atenuar os rigores das sanções penais, com especial ênfase à problemática da superlotação dos presídios do Estado, motivo de preocupação de diversos órgãos do sistema de justiça. A importância deste Mutirão de Indulto e Comutação, pioneiramente desenvolvido neste Estado, inclusive, foi objeto do projeto Cidadania nos Presídios, anunciado no último dia 28 de abril de 2015 pelo presidente do Conselho Nacional de Justiça, Ricardo Lewandowski, como meio eficaz de combate ao que chamou “cultura do encarceramento”, no qual os mutirões de indulto e comutação de pena deverão substituir os mutirões carcerários que vinham sendo realizados desde 2008, e terão caráter permanente”, afirmou.