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Falta de informação sobre a enfermidade pode causar dificuldade no planejamento

Pesquisa identifica subnotificação de casos de hepatites virais em Teresina

Publicada em 18 de Setembro de 2015 �s 16h37


Com o intuito de investigar a subnotificação de casos de hepatites virais em Teresina, o doutor em Ciências Médicas pela Universidade Estadual de Campinas e professor da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Márcio Dênis Medeiros Mascarenhas, coordenou a pesquisa “Ocorrência de Hepatites Virais em Teresina – Piauí – 2012: subsídios para implantação de um Sistema de Vigilância Laboratorial”, desenvolvida através do Edital nº 003/2013, referente ao Programa de Pesquisa para o Sistema Único de Saúde (PPSUS) com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí (Fapepi).

“O problema das hepatites virais está presente na realidade de Teresina. O Ministério da Saúde apresenta um banco de dados que visa registrar todos os casos de hepatites virais para monitorar a situação e acompanhar o desenvolvimento da doença. Nós tivemos a curiosidade de saber se esse sistema é realmente capaz de encontrar e registrar todos os casos diagnosticados laboratorialmente”, relata o professor Mascarenhas.

Como forma de análise, a equipe da UFPI em parceria com a Fundação Municipal de Saúde (FMS) realizou uma comparação entre o banco de dados de um laboratório de referência do Estado e os registros de casos de hepatites virais notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), durante todo o ano de 2012.

Dentro da análise, foi possível constatar que há subnotificação de casos de hepatite em Teresina. Segundo a pesquisa, 77% dos casos diagnosticados no laboratório não foram notificados. De acordo com o professor Mascarenhas, “é preciso firmar um sistema de vigilância laboratorial que favoreça a comunicação entre os laboratórios e o Sinan para reduzir a subnotificação”.

Outros estudos apontam que as principais causas da ocorrência da subnotificação de casos seriam o desconhecimento dos profissionais da lista de doenças que são obrigados a registrar e a alegação de falta de tempo feita pelos profissionais.

Entre os benefícios da pesquisa, destaca-se também o conhecimento do perfil de ocorrência das hepatites virais em Teresina. Dados obtidos com a pesquisa através da análise das informações do Sinan mostram que, em 2012, foram notificados 99 casos de hepatites virais de residentes em Teresina, dos quais 54,5% eram pacientes do sexo feminino e com média de idade de 29 anos.

Um dos objetivos do PPSUS é contribuir em forma de pesquisas científicas para oferecer soluções aos problemas encontrados na rede pública de saúde, visando à descentralização de fomento à pesquisa com o intuito de atender as peculiaridades e especificidades de cada unidade federativa brasileira e, ainda, reduzir as desigualdades regionais na ciência, tecnologia e inovação em saúde. O Programa é fruto de uma parceria entre o Ministério da Saúde (MS), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi) e a Fapepi.

O relatório final da pesquisa, coordenada pelo professor Mascarenhas, está sendo redigido neste ano, 2015, com o intuito de inspirar e dar continuidade a trabalhos acadêmicos que busquem a qualidade nos dados sobre doenças de notificação obrigatória. Hepatite Existem várias frentes de combate a uma doença. O diagnóstico, a medicação e o tratamento são as formas mais comuns praticadas por médicos e pacientes. Porém, a depender da enfermidade, gestores e profissionais da saúde precisam adotar medidas que visam contribuir para formar um quadro representativo de como a doença atinge a sociedade. É o caso, por exemplo, da hepatite. Designada como qualquer degeneração do fígado, tem causas diversas, sendo mais comum as infecções por diferentes vírus hepatotrópicos representados por letras do alfabeto (A, B e C). O abuso de álcool e outras substâncias tóxicas também pode desencadear inflamações no órgão.

As hepatites podem aparecer também como doenças autoimunes, metabólicas e genéticas. Nem sempre apresentam sintomas, mas quando ocorrem podem ser cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras. Casos crônicos podem evoluir para cirrose ou mesmo câncer. O processo de transmissão também é diversificado. O tipo A ocorre através do contágio fecal-oral devido a condições precárias de saneamento básico, de higiene pessoal e dos alimentos contaminados. Já nos tipos B e C, o vírus é transmitido via relações sexuais, compartilhamento de objetos cortantes e perfurantes, além de maus procedimentos médicos-odontológicos.

Consideradas um problema grave de saúde pública no Brasil e no mundo, as hepatites virais são doenças de notificação compulsória. Isso significa que, após o diagnóstico, o profissional de saúde deve informar sua ocorrência ao Sistema de Agravos de Notificação (Sinan). Esse procedimento é necessário para que as autoridades responsáveis tenham conhecimento da quantidade de casos da doença com o objetivo de identificar áreas de risco ou grupos populacionais com tendência para o desenvolvimento da enfermidade. Porém, esse repasse de informações nem sempre acontece.



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Fonte: Governo do Estado �|� Publicado por:
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