A Companhia Independente de Trânsito (CIPTran) divulgou esta semana estatísticas que apontam as mulheres como as motoristas mais prudentes no trânsito de Teresina. Dos 1.155 acidentes com vítimas, só 28% (326 ocorrências) envolviam mulheres.
Nos primeiros meses de 2015, a companhia registrou apenas 35 acidentes com mulheres e nenhum deles teve vítima fatal.
Para a instrutora prática de autoescola, Djane Ambrósio de Sousa, os dados são reflexos do comportamento feminino ao volante. "Elas são mais cuidadosas e observadoras. Tem preocupação com elas e com os terceiros", disse.
Instrutora há 14 anos, Djane Ambrósio afirma que as mulheres têm mais responsabilidade quando estão dirigindo. "A mulher é mais responsável e isso já é algo que vem de casa. Geralmente os pais são mais flexíveis com os filhos homens na hora de entregar um carro e com a mulher tem aquele receio maior. Justamente por isso elas acabam se saindo bem, porque já começam a dirigir com uma responsabilidade a mais", disse.
Para Djane, os cuidados e a delicadeza natural da mulher também são percebidos no trânsito. "A mulher já tem esse lado mais cuidadoso, enquanto muitos homens geralmente são mal educados no trânsito e dirigem cheios de vícios", afirmou.
Segundo ela, os índices de reprovação nas provas práticas são praticamente iguais entre homens e mulheres.
Na autoescola, a instrutora conta que ainda existe resistência de alguns alunos homens quando se deparam com uma mulher nas aulas práticas. "Ainda tem esse tipo de resistência. Alguns quando veem dizem que não querem porque é mulher, mas depois do primeiro dia de aula eles gostam e querem continuar", afirma.
A estudante universitária Lorena Nunes, 20 anos, teve aulas com Djane e foi aprovada na prova prática esta semana. Radiante com a tão sonhada aprovação, ela destaca a importância da instrutora. "Ela é mil vezes melhor. Sempre tirava minhas dúvidas e colaborava bastante comigo", disse a estudante.
Quase três décadas ao volante
Há muito tempo o fato de uma mulher estar ao volante deixou de ser algo estranho. A aposentada Maria Bernardete Silva foi motorista de ônibus durante 29 anos no Piauí e conta que a maioria das mulheres são atenciosas ao volante.
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Bernadete exibe orgulhosa fotos ao volante e fala da longa experiência (Foto: Gustavo Almeida/G1)
"As mulheres, pelo menos a maior parte, sempre têm mais atenção que os homens", conta ela que deixou a profissão de motorista por conta de problemas de saúde.
Bernardete fala que o importante é dirigir com alegria e responsabilidade, sem estresse ao volante. "Nunca levei problemas de casa para o trânsito, sempre tratei bem as pessoas quando estava dirigindo e isso é muito importante", revelou a aposentada. A experiência bem sucedida ao volante rendeu até premiação nacional pelo trabalho pioneiro de Bernadete como motorista de ônibus no Piauí.
Autoafirmação dos homens
Para a diretora da Escola Piauiense de Trânsito, Jeovanna Moura, os homens costumam ter no carro uma ideia de poder e de autoafirmação e por isso acabam abusando da velocidade. "As mulheres são mais atenciosas, por exemplo, ao ler as placas de trânsito e são mais respeitosas com o limite de velocidade", explicou.
O coordenador das Operações de Fiscalização da CIPTran, tenente Lucenildo Oliveira, disse que algumas posturas são importantes para prevenir ocorrências de novos acidentes, tais como a utilização dos itens de segurança, como capacete para os motociclistas e cinto de segurança para os passageiros de carros, tanto os que ficam na parte da frente, quanto atrás.
“Homens e mulheres precisam respeitar as regras do trânsito. Obedecer à velocidade da via, não usar telefone celular ao conduzir o veículo e respeitar todos no trânsito, porque este é um espaço de convivência, onde há pedestres, ciclistas, motociclistas, transporte de carga, coletivo, ou seja, todos nós, independente de estarmos ou não guiando veículos, temos diretos e deveres a cumprir”, concluiu o tenente.
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