A Ursa Marsha deixou o Zoobotânico de Teresina e embarcou, na tarde desta sexta-feira (21), com destino ao santuário Rancho dos Gnomos, no município de Joanópolis, em São Paulo. A transferência do animal, que ficou conhecido como a 'ursa mais triste do mundo' teve início por volta das 12h e foi realizada por uma equipe de biólogos, veterinários e ativistas.
Para realizar a transferência, foi montada uma operação que contou com uma jaula especial climatizada e um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para transportar Marsha. Segundo a proprietária do rancho, Sílvia Pompeu, foram tomados cuidados para que a ursa faça a viagem acordada e sem uso de sedativo.
"Respeitando a idade avançada dela, o clima extremamente quente e a movimentação toda. O anestesista veio para o caso de alguma urgência ele atuar", explicou.
Após a chegada, Marsha viajará mais de três horas de estrada até o santuário. Lá ela ficará em um recinto provisório com piscina e caverna até a construção de um lar definitivo através de doações.
"Nossa equipe de veterinários já está em contato com a equipe do Zoobotânico para pegar o prontuário dela e a partir daí elaborar um plano de alimentação e adaptação dela em um novo recinto, um novo espaço, com uma temperatura bem mais amena para ter o restinho de vida dela em uma condição mais confortável", afirmou Marcos Pompeu.
'Vai deixar saudade'
Marsha viveu 25 anos no circo e há sete anos foi resgatada com mais três ursos, que viveram no zoológico até morrer. Ela foi apreendida em Caxias, no Maranhão, e doada ao parque de Teresina pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
A equipe de funcionários que cuidava da ursa no Zoobotânico acompanhou a transferência emocionada. "Eu cuido dela desde que ela chegou. Tenho muitas lembranças boas dela. Quando ela chegou estava com muitos sinais de maus-tratos do tempo dela no circo e aqui ela era muito bem cuidada", contou Raimundo Rodrigues.
"Ela é muito inteligente. A gente fica triste, porque a gente tinha contato todo dia, era mesmo que ser da família da gente", desabafou o cuidador.
Em novembro do ano passado, a história de Masha se tornou conhecida por conta de uma petição online que pedia a transferência dela, alegando que a permanência do animal no Piauí seria prejudicial à saúde devido às altas temperaturas.
Na época, a Justiça permitiu a transferência, mas uma decisão seguinte suspendeu o processo até ter a certeza de que a ursa suportaria a viagem. Em agosto deste ano, especialistas da Associação Brasileira de Zoológicos confirmaram a possibilidade da mudança do animal.
TERESINA