Em maio deste ano o Facebook iniciou uma nova etapa em sua jornada. Depois de várias reuniões com potenciais investidores da bolsa de valores, bancos como Morgan Stanley, JP Morgan e Goldmann Sachs, e com a alta direção da companhia, a rede social definiu que lançaria seu IPO na Nasdaq com uma oferta pública inicial de USS$ 38. Até então, todos os envolvidos na decisão acreditavam que o apetite do mercado pela empresa poderia chegar até a US$ 40 por ação, mas, logo na primeira semana como uma empresa de capital aberto, o Facebook teve o pior desempenho em IPO da década. As quedas nos papeis alcançaram 3,39% em sete dias e, nesta quinta-feira (30/08), já estavam em US$ 19,10 (18h30 no horário de Brasília). Apesar dos resultados desastrosos, há quem defenda que o Facebook não vive uma crise. O professor da HSM Educação e engenheiro da Escola Politécnica-USP, Gilberto Guimarães, acredita que o conceito de que houve uma desvalorização é irreal, já que a companhia não perdeu valor, apenas deixou de ganhar. "Tivemos uma expectativa não cumprida. Um grupo de investidores achou que muitas pessoas se sentiriam atraídas pelos papeis da rede, mas isto não aconteceu. Porém, isso não significa que a empresa valha mais ou menos", comenta. Samy Dana, professor da escola de economia da FGV-SP, concorda com Guimarães e rechaça a crise no site. Segundo ele, as pessoas esperavam muito mais do Facebook do que ele de fato era naquele momento, o que comprovou se tratar de uma valorização fantasiosa. "Confrontamos expectativa com realidade. Por ser empresa de internet, as projeções são sempre muito grandes e difíceis", diz. "Não dá para especular, qualquer coisa fora disso é futurologia", completa. Ao comparar o IPO do Facebook com o do LinkedIn, Guimarães lembra que não houve sucesso de um ou fracasso de outro, apenas exisitiu menos expectativas de valorização não cumpridas. A procura primária da rede corporativa foi menor, portanto, as quedas foram menores, mas isto não garante que o LinkedIn esteja em melhores condições que o Facebook. A baixa atratividade nos papeis da mario rede social do mundo está ligada ao que a empresa oferece: um serviço não palpável. O professor Cláudio J. Carvajal Júnior, coordenador do curso de graduação em Administração da FIAP, explica que companhias como Microsoft e Apple possuem grande parte da receita vinculada a produtos que já estão no mercado. Já o Facebook não tem um produto, só um serviço que pode ser substituído rapidamente. Apesar da crise financeira ter sido descartada, não há como negar o enfraquecimento da imagem do Facebook como opção de investimento. Os investidores que apostaram no otimismo da rede meses atrás perderam muito dinheiro com a desvalorização das ações. E, desde então, até mesmo a gestão de Mark Zuckerberg tem sido questionada. Para Carvajal, a medida que uma empresa cresce, a estrutura de governança se transforma e requer outras competências de um líder. O especialista afirma que o perfil de um empreendedor como o Mark Zuckerberg é mais voltado às inovações e criatividade e, desta forma, faltam habilidades de gestão de uma grande empresa. "O timing de uma startup é muito acelerado e, às vezes, não dá tempo para o fundador aprender tudo o que precisa para tocar uma companhia em desenvolvimento. Toda empresa que amadurece deve passar a trabalhar com equipes de gerenciamento diferentes e o fundador, muitas vezes, precisa delegar esta parte", sugestiona. Guimarães vê a descrença na gestão de Mark Zuckerberg como infundada, já que, para ele, o fundador da rede não cometeu grandes erros. No entanto, ele considera que, nesta situação de ceticismo, o mercado espera que um fato novo aconteça para que a empresa passe a ser vista com outros olhos e, talvez, a saída de Zuckerberg seja a novidade aguardada. O efeito da destituição do CEO é incerto, segundo Guimarães. Por outro lado, Carvajal vê o afastamento do fundador de forma otimista, pois supõe que o mercado entenderia esta decisão como uma medida mais corporativa e, consequentemente, positiva. "Talvez ele possa atuar de forma mais afastada, sem se desassociar da marca. Ele deve ficar no conselho da companhia sem precisar estar presente no dia a dia", finaliza. Quer opinar também? Diga nos comentários abaixo se você acha que Mark Zuckerberg deve deixar o cargo de presidente do Facebook. Contribua com a discussão.