A jovem de 19 anos que morreu em um acidente de trânsito na madrugada desta segunda-feira (26) em Porto Alegre costumava ser alertada com frequência pela família a não entrar em nenhum carro conduzido por alguém sob influência de álcool, de acordo com o pai da garota, Ênio Queiroz. Ela estava com mais quatro pessoas em um veículo que participava de um racha em uma das avenidas mais movimentadas da capital. Segundo a polícia, o motorista admitiu ter ingerido bebida alcoólica. Juliana Queiroz morreu no local.
O pai relatou que os avisos à jovem eram constantes e que sempre pedia para que não entrasse em nenhum carro se o motorista tivesse ingerido bebidas alcoólicas. “Eu avisei pra ela. Ela dizia, ‘não, pai, está tranquilo’, mas não adiantou. Elas eram gurias bonitas, novas, jovens”, declarou.
Queiroz contou que a filha e uma amiga chegaram em casa após o trabalho, jantaram e tinham dito que não sairiam de casa. Pouco depois, ele recorda que viu um carro parando na frente de sua residência. “Eu me levantei e perguntei se elas iam sair, e elas disseram que sim. Pensei ‘poxa, a Juliana não para mais em casa"”, lembrou. O pai disse também que conheceu o motorista do carro na sexta-feira (26) e que era um amigo novo das garotas. Ênio se despediu e pediu cuidado às meninas.
De acordo com Queiroz, por volta das três horas da manhã, recebeu um telefonema de um enfermeiro do Serviço de Atendimento Médio de Urgência (Samu), relatando que um acidente tinha acontecido e que sua presença era necessária no pronto-socorro. Entretanto, antes de chegar no local, o pai comenta que resolveu ligar o rádio no carro para obter mais informações, quando descobriu pela reportagem que sua filha tinha morrido.
“Eu vim ouvindo por saber que sempre dão as notícias sobre o trânsito de hora em hora. O rapaz falou que aconteceu um acidente grave e que uma jovem de 19 anos foi vitimada. Poucos minutos depois ele disse o nome dela. Eu não sabia o que fazer, não conseguia ligar para a mãe, fiquei muito nervoso”, conta. Ênio acrescenta que foi até o hospital, mas a filha não estava lá, por ter sido levada diretamente ao Departamento Médico Legal de Porto Alegre (DML).
Queiroz disse que no dia anterior ao acidente viu entrevistas na televisão com pessoas que perderam os filhos e achou tão pesado que resolveu trocar de canal. “Uma mulher falou que estava chorando pelo seu filho, eu não quis ver e mudei de canal, depois vi o Erasmo Carlos falando do filho que ele perdeu e em um acidente de moto e também não quis ver. Não fazia nem ideia que uma coisa assim pudesse acontecer”, disse.
Carro participava de racha, diz polícia
Testemunhas contaram à polícia que o carro estava participando de um racha. O motorista não venceu a curva, bateu em uma árvore e depois em uma grade. Foi por volta das 2h, na Avenida Ipiranga, quase no cruzamento com a Rua Ramiro Barcelos.
"Quando eles passaram por mim no posto, eles estavam arrancando, iniciando o racha. Pelo fato de estarem cantado pneu, eu olhei os dois parelhos, em alta velocidade, tomando velocidade", relembra o vendedor de um posto de combustíveis Diego Almeida.
Outro funcionário do estabelecimento relembra a alta velocidade. "Passou a mais ou menos uns 160 km/h. Bem rápido, muito, muito rápido!", falou Rafael Lopes Magalhães.
Dentro do carro, a polícia encontrou garrafas de bebidas alcoolicas e energético. Conforme a Brigada Militar, o motorista admitiu ter bebido. "Ele admitiu e a gente foi fazer a revista no carro acabou achando de três a quatro garrafas de bebida alcoolica, que foram recolhida tambem", apontou o soldado Everton Renato de Lemos Saldanha.
A vítima de 19 anos estava no banco de trás do veículo e morreu no local. O motorista, de 25 anos, foi levado para o Hospital de Pronto Socorro (HPS) sob custódia da polícia. O estado de saúde dele é regular. O outro carro que participou do racha não foi encontrado.
Dois passageiros do carro, um de 18 anos e o outro de 23, seguem no HPS em estado gravíssimo. Uma jovem de 19 anos que também ficou ferida foi medicada e liberada.