Piaui em Pauta

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Marcas de luxo são acusadas de explorar mão de obra

Publicada em 12 de Junho de 2014 �s 10h30


Uma pesquisa feita pela ONG britânica Clean Clothes Campaign pôs em questão o mito de que a etiqueta “Made in Europe” nas roupas produzidas no continente significa produtos de procedência socialmente justa no que se refere a salários e condições de trabalho. A pesquisa, chamada Stitched Up (“Costurado”), aponta violação de regras da Organização Mundial do Trabalho e legislação trabalhista, e acusa marcas luxuosas e varejistas, como Adidas (patrocinadora da Copa), Primark, Prada, Zara e Hugo Boss, de transformar Europa Oriental e Turquia em seu quintal de produção barata de roupas. O levantamento entrevistou 316 trabalhadores do setor de vestuário em nove países da Europa Oriental e a Turquia e apontou a seguinte situação: os salários pagos ficam bem abaixo do nível necessário de subsistência; as mulheres são discriminadas nos salários e no tratamento no ambiente de trabalho; os trabalhadores dependem desses salários para sobreviver; e essses empregados não possuem representação sindical, que possa reivindicar melhorias. saiba mais Conceito de trabalho escravo pode dificultar regulamentação de PEC Zara cria etiqueta antitrabalho escravo Trabalho forçado gera lucros anuais de US$ 150 bi, diz OIT C&A pagará R$ 100 mil por trabalho escravo em lojas de Goiás 11 são resgatados de navio em condição de trabalho escravo na BA Leia mais sobre Trabalho escravo O trabalho também mostra que esses países se tornaram os fornecedores de vestimenta barata para as companhias europeias mediante o pagamento de baixos salários. No caso da Turquia, o país é acusado de subcontratar a preços aviltantes a produção têxtil de países do Norte da África. Segundo o estudo, foi encontrada uma imensa distância entre o salário mínimo efetivamente pago e o salário mínimo estimado para atender as necessidades mínimas se subsistência. “Esta distância tende a ser maior nos países europeus de baixo custo trabalhista do que na Ásia”, aponta o estudo. Além da Turquia, a pesquisa abrange empresas têxteis de Georgia, Bulgária, Romênia, Macedônia, Moldávia, Ucrânia, Bósnia & Herzegovina, Croácia e Eslováquia. Esses países somam cerca de três milhões de trabalhadores no setor. CONDIÇÕES PRECÁRIAS A mão de obra nesses países, a maior parte feminina, é obrigada a fazer horas extras sem pagamento e trabalhar em feriados e folgas para garantir um salário que garanta suas necessidades de subsistência, acusa a ONG. Muitos trabalhadores são obrigados a ter dois empregos para sobreviver minimamente. Segundo o jornal “Guardian”, a Adidas, que teve vendas de seus produtos esportivos avaliadas em € 14,5 bilhões no ano passado, estaria pagando € 5 por oito horas diárias de trabalho na Georgia, país sem legislação trabalhista. De acordo com a pesquisa, esses trabalhadores registraram condições intimidadoras, tais como ter que pedir permissão para ir ao banheiro e serem pressionados a não faltar por motivos de doença. Em quatro países, mostra a pesquisa, os empregados recebem abaixo do salário mínimo legal, inclusive em Bulgária e Romênia, ambos membros da União Europeia (UE) desde 2007. Na Bulgária, onde quase metade da população vive abaixo da linha de pobreza, alguns empregados do setor têxtil recebem € 129 por mês, abaixo do salário mínimo de 2013, de € 159, e bem abaixo do que os trabalhadores precisam para sobreviver. Na Romênia, alguns recebem € 124 por mês, ante um salário mínimo de € 179. Em resposta, a Adidas informou ao jornal britânico não ter “produção autorizada na Georgia”. E, ao ser indagada se esta produção não autorizada estaria sendo feita via empresas contratadas na Turquia, o porta-voz da companhia disse que, “na Adidas Group, investigamos todas as acusações que recebemos e... pediu à Clean Clothes Campaign que revele os detalhes sobre as fábricas incluídas em sua investigação”. Um porta-voz da Inditex, a empresa varejista por trás da marca Zara, afirmou que a companhia esté em contato com a ONG, para “investigar as acusações e adotar as medidas apropriadas”. A Tesco informou que parou de comprar vestuário da Moldávia há um ano. Já um porta-voz da Primark disse que a companhia contratou apenas uma pequena porcentagem de seus bens daquele país, mas acrescentou que a firma vai investigar “imediatamente” as acusações da ONG. A H&M negou as alegações de que alguns dos empregados de seus fornecedores ganham apenas € 0,50 por hora. A Hugo Boss divulgou uma nota, afirmando que “algumas das acusações já foram esclarecidas no passado. Outras não podemos associar a nossos parceiros”. A Prada não respondeu aos pedidos de comentário do “Guardian”

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Fonte: Vooz �|� Publicado por:
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