A Argentina se classificou às quartas de final após vencer a Suíça, na tarde desta terça-feira, em um jogo difícil disputado na Arena Corinthians, na capital paulista. A partida, que permaneceu sem gols durante os 90 minutos de tempo normal, levou à loucura os mais de 1.600 torcedores que compareceram ao anfiteatro Eva Perón, no Parque Centenário na cidade de Buenos Aires.
A prefeitura disponibilizou dois espaços públicos para que os portenhos acompanhassem os jogos da Copa do Mundo do Brasil. Um deles, localizado na Praça San Martín, no bairro de Retiro, bem pertinho da conhecida Calle Florida, virou um dos lugares preferidos pelos turistas brasileiros que visitam a cidade. saiba mais Bélgica bate EUA na prorrogação e pegará Argentina nas quartas Cidades enfrentam desafio de aproveitar estádios após Copa Classificação com sofrimento trouxe desgaste emocional da seleção à tona Camarões investiga alegações de jogos arranjados na Copa Na arena das goleadas, Bélgica e EUA buscam lugar nas quartas Leia mais sobre Copa 2014
O outro espaço está no mais portenho dos bairros, Caballito, localizado bem no centro da capital argentina. Menos turístico que outros bairros, Caballito abriga o conhecido Parque Centenário. Foi lá que em 1953, durante o governo de Juan Domingo Perón, inaugurou-se o anfiteatro com o objetivo de abrigar os espetáculos de verão do Teatro Colón.
E esse foi o local escolhido por Dante Luján e seu colega de trabalho Damian Castillo, ambos confiantes de que a Argentina passaria às quartas de final sem maiores problemas. "Eu arrisco um resultado de 3 a 0 para a Argentina; com gol de Messi, um de Palácio - quando entrar - e outro de Higuaín", palpitou Dante, minutos antes de a bola rolar.
O entusiasmo, no entanto, começou a diminuir já no final do primeiro tempo, quando uma atuação modesta frente a Suíça pintava de preocupação os semblantes dos torcedores. Entre eles, um simpático senhor, que ignorando toda e qualquer tecnologia, carregava consigo uma tabela feita à mão na qual anotava cada uma das informações importantes do jogo, como chutes, faltas, cartões, etc.
Horácio, outro torcedor de sobrenome Luján, como a padroeira da Argentina, a virgem de Luján, predicava com a sabedoria que "a seleção precisa fazer o gol primeiro, porque, quem marca primeiro ganha". Mas não desanimava, pois para ele Messi resolveria tudo em um de seus rompantes de inspiração. Teria que esperar para ver.
E como o argentino faz para segurar a ansiedade de um 0 a 0, que seguiu durante os 45 minutos do segundo tempo? Tem aqueles que saem para fumar, os que tomam mate, tem aqueles que saltam, outros que cantam, os que comem um pancho, afinal um jogo em pleno meio-dia pede que seja feita uma “boquinha”.
O torcedor Santiago Reyes é um deles. Com dois panchos em punho, um para ele e outro para seu filho, Luka Reyes de 10 anos, que o acompanhou a torcer pela Argentina, disse ao Terra: “depois de ver como foram todos as partidas das oitavas de final, não me surpreende que estejamos tendo dificuldade frente à Suíça. Veja só com não foi fácil para outras seleções como Alemanha, Brasil e França”, opinou o artesão.
Mesmo levando o jogo a prorrogação em decorrência do empate sem gols, a seleção argentina não perdeu o apoio de seu torcedores em nenhum momento. As tradicionais canções eram entoadas mesmo nos momentos de maior dificuldade. Tudo isso sem esquecer da grande rivalidade com o Brasil, intensificada nesse jogo em que o público canarinho presente na Arena Corinthians não tinha nenhuma intenção de esconder estar torcendo contra a equipe sul-americana. Uma das músicas mais repetidas durante os momentos de entusiasmo da torcida era: "Brasilero brasilero, que amargado se te vé, Maradona es mas grande, es mas grande que pelé". (Brasileiro, brasileiro, que expressão amarga você tem, Maradona é maior, é maior do que o Pelé), ou a sua variação, “Eh!! Decime que se siente, tener en casa a tu papa?”(referindo-se ao futebol argentino como o pai do futebol brasileiro).
E se as canções eram para Brasil, os gritos todos eram para Messi, quando o camisa 10 se aproximava da grande área. No entanto, a redenção veio dos pés de outro herói, Angel Di María, que aos 117 minutos de jogo marcou o gol decisivo encima da Suíça, classificando a Argentina para as quartas de final e levando a já nervosa torcida argentina à loucura.
O mesmo garoto que anos atrás no interior da cidade de Rosário, mesma de Messi, teve seu passe trocado por 25 bolas de futebol, desta vez deixou a Argentina sem palavras. “Foi uma coisa...uma coisa...apaixonante, apaixonante!”, balbuciou Santiago, resumindo o jogo.