A entrada de dólares da economia brasileira superou a retirada de recursos em US$ 2,1 bilhões no começo do mês de junho, informou nesta quarta-feira (11) o Banco Central. O movimento foi registrado na primeira semana deste mês, até a última sexta-feira (6) e acontece após a retirada de US$ 813 milhões em maio deste ano.
Já no acumulado deste ano, até 6 de junho, entraram US$ 6,13 bilhões no país. Em igual período do ano passado, US$ 13,61 bilhões haviam ingressado da economia brasileira. Houve, portanto, uma queda de US$ 7,48 bilhões na entrada de recursos neste ano.
IOF para empréstimos de curto prazo
Na semana passada, o governo anunciou que os empréstimos externos a partir de seis meses tiveram seu IOF zerado. Para operações inferiores a 180 dias, a alíquota de IOF segue em 6%. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, negou, entretanto, que o objetivo seja trazer recursos especulativos para o Brasil. Segundo ele, a medida busca facilitar o acesso de bancos pequenos a empréstimos no exterior e não tem relação com a inflação.
Contas comercial e financeira
O fluxo cambial brasileiro possui duas contas: a comercial, na qual são fechados os contratos de câmbio para operações de exportação e importação, e a conta financeira, que inclui as demais operações, como os investimentos estrangeiros diretos e os recursos para aplicações financeiras, além das remessas de lucros e dividendos (parcelas dos lucros) e empréstimos tomados no exterior, entre outros.
Segundo o BC, a entrada de dólares do Brasil superou a saída da moeda estrangeira do país, pela conta financeira, no valor de US$ 2,5 bilhões no começo deste mês. Pela conta comercial, informou o BC, saíram US$ 391 milhões do país no começo deste junho.
Efeito na cotação do dólar
A entrada de recursos no país, registrada no começo de junho, favorece, em tese, a queda do dólar. Isso porque, com mais moeda norte-americana no mercado, seu preço tenderia a ficar menor. Em junho, a moeda tem registrado, de fato, pequena queda. No fechamento de maio, o dólar estava cotado em R$ 2,24, passando para R$ 2,23 nesta quarta-feira, por volta das 12h40.
Outros fatores que influenciam a cotação
A variação do dólar no Brasil também está relacionada, segundo economistas, com a decisão do Federal Reserve (BC dos Estados Unidos) de retirar gradualmente, em ritmo mais lento do que o estimado anteriormente, os estímulos da economia norte-americana e com a perspectiva de uma acomodação do crescimento em um patamar menor do que o registrado nos últimos anos na China.
Os analistas avaliam, porém, que a variação do dólar registrada neste ano também tem relação com as contas externas e contas públicas, que têm piorado. Uma eventual valorização do dólar pode preocupar o BC, uma vez que tende a contaminar a inflação por meio do encarecimento de importados. Uma queda do dólar, por sua vez, favorece o controle da inflação.
Entretanto, outro fator que também tem impacto na cotação da moeda norte-americana, neste caso para baixo, são os juros altos da economia brasileira, atualmente em 11% ao ano. Em termos reais, ou seja, descontando a inflação prevista para os próximos 12 meses, são os juros mais altos do planeta – o que teoricamente atrai recursos especulativos para o Brasil.
Os leilões de contratos de "swap cambial" pelo Banco Central – contratos que permitem a compra de dólares no mercado futuro e são feitos para conter a alta da cotação –, também têm impacto no preço do dólar no mercado à vista, segundo analistas. Na última sexta-feira, o BC informou que o programa se estenderá após junho, mas não deu detalhes sobre montantes.