Felipão durante a coletiva desta sexta-feira
Imagem: O GloboFelipão durante a coletiva desta sexta-feira
O humor melhorou um pouco, mas o mistério continuou. Com um semblante mais animado, Luiz Felipe Scolari conversou com a imprensa na noite desta sexta-feira, no estádio Mané Garrincha, um dia antes da disputa do terceiro lugar contra a Holanda. O treinador voltou a elogiar o desempenho da seleção brasileira, apesar da goleada sofrida diante da Alemanha e deixou o futuro em aberto, nas mãos dos dirigentes da CBF. Ele negou qualquer desentendimento com o observador técnico Gallo, que não teria sugerido a escalação de Bernard contra os alemães. saiba mais Argentinos enfrentam fila na fronteira e até 36h de estrada para chegar ao Rio Van Gaal busca motivar a Holanda: Quero sair da Copa sem perder Polícia investiga se advogado ajudou CEO da Match a fugir da polícia Zagueiro nega pacto alemão para não humilhar o Brasil Marin critica Felipão por goleada histórica sofrida pela seleção brasileira Leia mais sobre Copa 2014
- Dou liberdade para que coloquem opiniões, mas a decisão é minha. Não queiram colocar o Gallo contra mim porque não vão conseguir.
Felipão também não quis revelar o time que enfrenta a Holanda, mas adiantou que deve fazer uma ou duas modificações na equipe.
- Mas não vou colocar jogadores que não terei a completa confiança de que vão preencher o que queremos para ganhar o jogo.
Confira os melhores momentos da coletiva:
PÓS-COPA
Não posso sair da mesma forma que entrei. Tem tanta coisa que vivi nesses 45 dias que estão acrescentadas na minha vida, para melhor e para pior. Nos primeiros momentos pós-Copa, vou pagar as contas, ir ao banco, ajeitar minha vida particular, que foi deixada de lado nesses dias. Depois é conversar com a família, explicitar os momentos que vivi, como me comportei. Quando a gente está fora, por telefone não se explica muita coisa. Depois é seguir minha vida. Claro que não será a mesma coisa.
CONTINUAR NA SELEÇÃO
Meu trabalho termina após o último jogo da seleção na Copa, amanhã. Encerra amanhã meu trabalho da primeira etapa, que foi o combinado. Após encerrar apresento meu relatório e é uma situação que o presidente Marín e o Marco Polo del Nero conversarão e vamos ver o que vai acontecer. Sei que em um ano e meio tivemos uma série de situações muito boas. Não vejo como as pessoas possam ver somente o resultado de um jogo. Se um trabalho é bom, não é uma fatalidade que muda. O que me interessava era chegar à final. Não cheguei. Estou em débito, mas não vejo como negativo a não ser o resultado que foi catastrófico pelo placar. Quero que as pessoas pensem um pouco se tem alguma coisa boa ou se é todo ruim um trabalho com uma derrota em jogo oficial.
Não tenho que responder se tem clima ou não para continuar. Não vou ficar discutindo isso, mas andei na rua e recebi um apoio muito maior do que vocês imaginam.
RECUPERAR IMAGEM
Ficou arranhada pelo resultado. Tivemos chances nos primeiros minutos do segundo tempo (contra a Alemanha) para fazer dois ou três gols que amenizariam a derrota, mas perdemos. Eles foram superiores. Em dez, 20, 100 anos de futebol não tínhamos levado um resultado assim, mas temos que ver as coisas boas. Ficou a derrota, como ficou o título da Copa das Confederações.
CONSELHO DE GALLO DE NÃO USAR BERNARD
Vocês estão enganados na análise. O Roque Júnior e o Gallo são analistas dos meus adversários, não da minha seleção. Eles passam informações dos adversários, eu escolho meus jogadores. Dou liberdade para que coloquem opiniões, mas a decisão é minha. Não queiram colocar o Gallo contra mim porque não vão conseguir. Estão tentando criar um clima que não existe. Confio cegamente no que o Gallo tem dito para mim sobre esse assunto. O analista da seleção brasileira sou eu, por enquanto.
FALTA DE TREINOS SECRETOS
Se eu abro os treinos, vocês me criticam. Se eu fecho, vocês me criticam. Tenho que fazer o que acho que é o correto, com as condições que tenho, para evitar problemas. O que tínhamos era isso, a Granja Comary. Não existe mais como fazer treino secreto, esqueçam. Fizemos cinco gols de bola parada na Copa, mesmo com o adversário sabendo dos nossos treinos. Não é isso que ganha jogo (fechar treino).
MATURIDADE DO GRUPO E PRESSÃO COM FAVORITISMO
São jovens, 17 sem experiênciade Copa, mas foram bem na Copa das Confederações. Tenho que passar uma mensagem de otimismo ao nosso povo, nosso torcedor. Em 2002, falei que se chegássemos entre os quatro estaríamos satisfeitos. Se falo isso no Brasil, já fico fora antes de começar. Tenho que passar confiança ao grupo e à torcida.
Podemos estar mal intimamente pelo resultado, mas chegar entre os quatro não é fim do mundo como estão apregoando. Não me arrependo de ter passado a ideia de que seríamos campeões. Não estamos disputando o título porque jogamos uma partida mal. Mal ou bem, chegamos na semifinal.
ESCALAÇÃO PARA O JOGO
Não teve time titular ou reserva (no treino). Se tinha titulares, eram os que estavam treinando defensivamente. Não teve treino para escalar ninguém. vou mexer em uma ou duas posições, até porque tem jogadores que poderão dar sequência e jogaram pouco ou nem jogaram. Por necessidade vou fazer essas alterações. Uma que devo fazer é porque entendo que a colocação de um jogador pode ser importante amanhã. Vou fazê-la também por gostar do comportamento desse jogador, mas pela necessidade da colocação. Mas não vou colocar jogadores que não terei a completa confiança de que vão preencher o que queremos para ganhar o jogo.
OS DIAS PÓS-GOLEADA
Esses dias estão sendo difíceis, e provavelmente vai ser pelo resto de nossas vidas. O que sentimos não vai modificar de um dia para o outro. Vou sempre relembrar e sei que vai ser relembrado por todos. O que tentamos foi uma recuperação na parte psicológica, para que os jogadores tenham uma perspectiva de jogar contra a Holanda como se fosse nosso sonho principal. Acho que revertemos essa situação em 75% e estamos trabalhando para entrar em campo em totais condições para conseguir o terceiro lugar e dar ao povo brasileiro uma pequena alegria.