Publicada em 16 de Janeiro de 2014 �s 08h43
BR-235 (Foto:Kalberto Rodrigues)
A falta de vias pavimentadas, que interligassem as principais cidades produtoras dos Cerrados piauienses, há muito se configura como um gargalo para produtores e empresários que aguardam ansiosamente por um maior desenvolvimento da região. Nesse sentido, o Governo do Estado está investindo em obras que visam eliminar esses entraves ao crescimento da região, em especial no setor rodoviário. No total, estão em implantação ou serão implantados até o fim de 2014, cerca de 340 quilômetros de asfalto na região, investimentos que somam R$340 milhões.
Além de garantir segurança no transporte da safra, as novas estradas vão acabar com uma das maiores dificuldades do setor: o desperdício, traduzido pelos grãos que vão ficando ao longo do caminho por conta de estradas precárias. Na média nacional, na qual o Piauí se inclui, pelo menos 30% dos grãos transportados não chegam ao seu destino.
“O prejuízo com o desperdício é grande, mas para nós este problema já não é tão grave assim, porque o asfalto chegou à nossa porta”, diz o gaúcho e administrador de fazenda José Roberto Machry, o Beto, que há anos trabalha na Serra das Guaribas, no município de Santa Filomena. “A estrada era o que faltava para o desenvolvimento dos Cerrados do Piauí", acrescenta ele.
BR 235 - A estrada a que Beto se refere é a BR 235, de Gilbués a Santa Filomena, com 130 quilômetros de extensão, dos quais cerca de 90 quilômetros estão prontos. Iniciada em 2012, a nova rodovia não surpreende apenas pela decisão do governador Wilson Martins em construí-la, mas também pela rapidez com que as obras avançam. Hoje, as máquinas estão a 40 quilômetros da cidade de Santa Filomena, que vai deixar, com a sua conclusão, o triste título de cidade mais isolada do Piauí.
Na construção da BR 235, obra delegada ao Governo do Estado, estão sendo aplicados R$103 milhões, recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O prazo para conclusão vai até o fim deste ano, mas deverá ser antecipado.
Transcerrados - A Transcerrados, a maior intervenção rodoviária no estado, terá 340 quilômetros de extensão e cortará praticamente toda a região dos Cerrados, a partir do município de Sebastião Leal até a ligação com a BR 235, em Santa Filomena. A execução dos trabalhos de asfaltamento da via foram iniciados no fim do ano de 2013, e seguem em ritmo acelerado com a volta dos trabalhadores, após o recesso das festas de fim de ano.
Na primeira etapa, onde o governo investe recursos no valor de R$103 milhões, está sendo asfaltado um trecho de 117 quilômetros, de Sebastião Leal a Nova Santa Rosa, na Serra Branca, comunidade formada por gaúchos, paranaenses e catarinenses, pioneiros no cultivo da soja no Piauí.
”O Piauí tá acontecendo”, reconhece o paranaense Adelar Lopes, que em 2014 completa dez anos de Cerrados como administrador de fazenda de um grupo americano que investe no estado. “Com essas estradas, a região está melhorando muito e de maneira muito rápida”, completa.
Perimetral - A Perimetral Sul, que vai ligar Uruçuí a Nova Santa Rosa, passando pela localidade Serrinha, é a terceira estrada do programa rodoviário do Governo do Piauí para os Cerrados.
Com 134,5 quilômetros e investimentos da ordem de R$103,6 milhões, a rodovia é considerada como uma das mais importantes obras na região dos Cerrados, porque vai garantir acesso rápido e seguro à Bungue, o principal grupo receptor de grãos e uma espécie de avalista para os grupos que pretendem investir na região. “A Bungue é uma referência para quem não conhece os Cerrados, mas quer investir no Piauí. A presença dessa grande empresa é uma segurança”, admite Adelar Lopes.
Outras estradas - Mas as ações do governo nos Cerrados não param aí. Estão sendo investidos mais R$16,5 milhões no asfaltamento de quilômetros de estrada entre a BR 135, em Bom Jesus, e a Transcerrados, através da Serra do Quilombo. Outro acesso à Transcerrados, a partir do município de Colônia do Gurguéia, já está sendo licitado, e o rebaixamento para facilitar o acesso à serra em Baixa Grande do Ribeiro teve a ordem de serviço assinada.
“Nenhum governo, em tempo algum na história do Piauí, dedicou tanta atenção aos Cerrados. Estamos montando a infraestrutura que a região precisa para se desenvolver efetivamente como a grande fronteira agrícola do Brasil”, explica o governador Wilson Martins.
“O Piauí está acontecendo” - O administrador de fazenda Adelar Lopes confessa que ao retornar ao Piauí, depois de alguns anos trabalhando na região do Brasil Central, espantou-se com o nível de crescimento dos Cerrados e com a infraestrutura que o governo vem montando na região nos últimos anos. “As estradas melhoraram muito em relação às que deixei quando saí daqui. Hoje esta região cresce com segurança e isso motiva os produtores, que precisam de condições mínimas para o desenvolvimento de suas atividades”, diz Lopes.
Segundo ele, o Governo do Estado está resolvendo os dois principais problemas dos Cerrados - estradas e energia. Sem essa infraestrutura, os produtores consideram que investir nos Cerrados do Piauí deixa de ser um negócio para se tornar uma aventura.
Paraense, Adelar Lopes administra uma fazenda de investidores americanos que está plantando para a próxima safra 9,6 mil hectares de soja e milho. Além do bom inverno que se anuncia, ele também mostra satisfação com o fim do pesadelo de caminhões atolados ao longo da serra. “Tinha caminhão nosso que passava dois dias atolados na estrada, atrasando a entrega e perdendo os grãos. Graças a Transcerrados, isso está acabando”.
Para Adelar Lopes, a região dos Cerrados piauienses é muito visitada e a infraestrutura que está sendo montada é uma demonstração de que o governo oferece segurança para quem quer investir aqui. “O Piauí está acontecendo!”, conclui.
Novos investimentos - As estradas asfaltadas que começam a cortar as serras do Piauí são, de longe, as grandes vedetes do governo para atrair novos investimentos para os Cerrados, inclusive de indústrias de transformação. Além do grupo Tomazini, de Goiás, que já anunciou investimentos de R$600 milhões na implantação de um complexo agroindustrial que vai oferecer 6 mil empregos diretos no município de Uruçuí, várias outras empresas começam a estudar as potencialidades da região.
Outro grupo, o que controla a Fazenda Jatobá, no município de Santa Filomena, vai investir na implantação de um projeto de suinocultura. “As estradas permitem que já se pense nisso”, admite o administrador José Roberto Machry. Para ele, um veterano na plantação de soja, milho e algodão nos Cerrados do Piauí, faltavam estradas para o desenvolvimento da região. “A gente perdia muito tempo com as estradas ruins, principalmente no inverno, quando as carretas atolavam. Hoje as coisas mudaram”.
Machry conta que o asfalto na serra das Guaribas não vai favorecer apenas o transporte de grãos. Vai também garantir acesso mais rápido ao calcário e aos mercados do Piauí, além de baratear fretes e gerar mais empregos.
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