Piaui em Pauta

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O Governo e a política do salário mínimo

Publicada em 18 de Maio de 2014 �s 12h00


Em busca de votos, candidatos à Presidência prometem manter reajustes acima da inflação Em busca de votos, candidatos à Presidência prometem manter reajustes acima da inflação Imagem: DivulgaçãoEm busca de votos, candidatos à Presidência prometem manter reajustes acima da inflação Enquanto as imagens mostram homens desempregados e crianças pedindo dinheiro em semáforos, o narrador alerta sobre o risco de se ressuscitar os “fantasmas do passado”. “Nosso emprego de hoje não pode voltar a ser o desemprego de ontem, não podemos dar ouvidos a falsas promessas”, diz a propaganda veiculada em rede nacional pelo Partido dos Trabalhadores na terça-feira 13, aproveitando o bom momento do mercado de trabalho, com desemprego em baixa e salários subindo acima da inflação. Não era a primeira vez. Em discurso para comemorar o Dia do Trabalho, a presidenta Dilma Rousseff ocupou as emissoras de rádio e tevê por 12 minutos e prometeu a continuidade da política de valorização do salário mínimo. Ao anunciar o reajuste do Bolsa Família e da tabela do Imposto de Renda, Dilma tentou se colocar ao lado dos pobres e trabalhadores, posicionando seus opositores do outro lado da trincheira: “Dizem que a valorização do salário mínimo é um erro do governo e, por isso, defendem a adoção de medidas duras, sempre contra os trabalhadores”. Os pré-candidatos Eduardo Campos (PSB) e Aécio Neves (PSDB) também adotaram discurso semelhante. Depois de ter dito estar preparado para tomar as decisões impopulares, Aécio se apressou em deixar claro que entre elas não estaria o arrocho salarial. A pedido do senador e ex-governador de Minas Gerais, o líder do PSDB na Câmara, Antônio Imbassahy (BA), apresentou um projeto que estende até 2019 a atual política de reajuste do salário mínimo. Eduardo Campos não chegou a se comprometer com a fórmula atual (que garante a reposição da inflação do ano anterior mais a variação do PIB de dois anos antes), mas disse que é preciso manter a política de ganhos reais. “É fundamental para termos um país mais equilibrado socialmente”, afirmou, no início de abril. Apesar do aparente consenso eleitoral, há dúvidas sobre os efeitos dessa política para a economia no longo prazo. O governo defende que o aumento real dos salários é o motor do consumo e do crescimento econômico. O ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), Marcelo Neri, tem feito palestras a ministros e técnicos do governo para mostrar como os mais pobres ganharam mais renda nos últimos anos. “A renda dos 5% mais pobres está tendo um crescimento 5,5 vezes maior que a dos 5% mais ricos”, diz Neri. O atual salário mínimo de R$ 724 embute ganho real de 1,03%. Desde abril de 2002, o ganho real foi de 72%, segundo o DIEESE. Isso ajudou a reduzir a desigualdade social e a turbinar a classe média para mais de 50% da população. Quem questiona a manutenção dessa política por muito tempo teme a volta de outro fantasma: a inflação elevada, que acaba corroendo o poder de compra dos salários. Para o economista Edmar Bacha, um dos criadores do Plano Real e interlocutor de Aécio Neves, o aumento do salário mínimo acima do ganho de produtividade da economia tem um potencial inflacionário. Como os salários sobem todos os anos acima da inflação, a demanda continua aquecida e as empresas aumentam seus preços para fazer frente aos reajustes salariais de seus funcionários, numa bola de neve perigosa num país como o Brasil, que não consegue trazer o índice de preços para a meta oficial, de 4,5% ao ano. “Indexação é algo muito complicado e o brasileiro sabe bem disso”, afirma. Conselheiro da presidenta Dilma, o economista Delfim Netto alerta para os efeitos sobre as finanças públicas e a inflação. Esse debate deve esquentar nas eleições de outubro. As greves e os protestos que tomaram as ruas de várias cidades na semana passada mostram que as centrais sindicais também vão aproveitar a chance de garantir sua participação na política de salários.

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Fonte: Vooz �|� Publicado por:
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