A saída de dólares da economia brasileira superou o ingresso de recursos em US$ 463 milhões na semana passada, informou nesta quarta-feira (25) o Banco Central.
Apesar da retirada de recursos registrada na semana passada, a parcial de junho, até a última sexta-feira (13), ainda está positiva, ou seja, com mais entrada do que saída de recursos, mas em menor proporção: em US$ 78 milhões.
Já no acumulado deste ano, até 20 de junho, entraram US$ 4,1 bilhões no país. Em igual período do ano passado, US$ 11,42 bilhões haviam ingressado da economia brasileira. Houve, portanto, uma queda de US$ 7,3 bilhões na entrada de recursos neste ano.
Contas comercial e financeira
O fluxo cambial brasileiro possui duas contas: a comercial, na qual são fechados os contratos de câmbio para operações de exportação e importação, e a conta financeira, que inclui as demais operações, como os investimentos estrangeiros diretos e os recursos para aplicações financeiras, além das remessas de lucros e dividendos (parcelas dos lucros) e empréstimos tomados no exterior, entre outros.
Segundo o BC, a saída de dólares do Brasil superou a entrada da moeda estrangeira do país, pela conta financeira, no valor de US$ 1,3 bilhão na semana passada, movimento que foi contrabalançado parcialmente pelo ingresso de US$ 845 milhões pela conta comercial. Na parcial de junho, US$ 979 milhões ingressaram pela conta financeira e US$ 901 milhões deixara o país pela conta comercial.
Efeito na cotação do dólar
A entrada de recursos no país, registrada na parcial de junho, favorece, em tese, a queda do dólar. Isso porque, com mais moeda norte-americana no mercado, seu preço tenderia a ficar menor. Em junho, a moeda tem registrado, de fato, pequena queda. No fechamento de maio, o dólar estava cotado em R$ 2,24, passando para R$ 2,21 nesta quarta-feira, por volta das 12h50.
Outros fatores que influenciam a cotação
A variação do dólar no Brasil também está relacionada, segundo economistas, com a decisão do Federal Reserve (BC dos Estados Unidos) de retirar gradualmente, em ritmo mais lento do que o estimado anteriormente, os estímulos da economia norte-americana e com a perspectiva de uma acomodação do crescimento em um patamar menor do que o registrado nos últimos anos na China.
Os analistas avaliam, porém, que a variação do dólar registrada neste ano também tem relação com as contas externas e contas públicas, que têm piorado. Uma eventual valorização do dólar pode preocupar o BC, uma vez que tende a contaminar a inflação por meio do encarecimento de importados. Uma queda do dólar, por sua vez, favorece o controle da inflação.
Entretanto, outro fator que também tem impacto na cotação da moeda norte-americana, neste caso para baixo, são os juros altos da economia brasileira, atualmente em 11% ao ano. Em termos reais, ou seja, descontando a inflação prevista para os próximos 12 meses, são os juros mais altos do planeta – o que teoricamente atrai recursos especulativos para o Brasil.
Os leilões de contratos de "swap cambial" pelo Banco Central – contratos que permitem a compra de dólares no mercado futuro e são feitos para conter a alta da cotação –, também têm impacto no preço do dólar no mercado à vista, segundo analistas.
O Banco Central estendeu até o fim de dezembro o programa de intervenção no mercado de câmbio, com a oferta diária de US$ 200 milhões em swaps cambiais, ou 4 mil contratos, anunciou a autoridade monetária nesta terça-feira (24).