O fogo ilumina o céu sobre o aeroporto de Karachi, onde forças de segurança entraram em confronto com homens armados
Imagem: Reprodução/Fareed Khan / APO fogo ilumina o céu sobre o aeroporto de Karachi, onde forças de segurança entraram em confronto com homens armados
Os rebeldes talibãs reivindicaram oficialmente nesta segunda-feira o ataque ao aeroporto de Karachi, a maior cidade do Paquistão, que deixou até agora ao menos 26 mortos, segundo as autoridades locais. O Movimento dos Talibãs do Paquistão (TTP) realiza desde 2007 uma rebelião armada contra o governo.
— Realizamos o ataque ao aeroporto de Karachi para vingar a morte de Hakimullah Mehsud, ex-chefe do TTP — disse Shahidullah Shahid, porta-voz do movimento. saiba mais Ataque suicida deixa 11 mortos e 24 feridos no Paquistão Leia mais sobre Ataque ao Paquistao
Mehsud foi morto em novembro passado por um tiro de um drone dos EUA nas zonas tribais do noroeste do Paquistão, um dos bastiões da TTP.
O ataque em Karachi coincide com o recente fracasso das negociações de paz entre as duas partes. O porta-voz do Taliban também denunciou estas ofertas de diálogo, que considera como uma arma de guerra do governo contra o TTP.
O ataque ao aeroporto, o maior do Paquistão, terminou nesta segunda-feira., depois de quase 12 horas. Todos os militantes foram morttos, informou o porta-voz da força paramilitar da cidade Sibrain Rivs. O Exército e os paramilitares devolverão o controle do terminal para os civis.
O atentado ocorreu por volta das 23h30m (horário local). Houve um intenso tiroteio entre as forças de segurança e os terroristas, e alguns passageiros ficaram presos dentro do aeroporto.
Segundo funcionários do Hospital Jinnah, em Karachi, entre os mortos havia oito membros das forças de segurança do aeroporto, dois funcionários da Pakistan International Airlines e um atirador. Dez militantes também foram mortos nos confrontos, disse Niaz Abbasi, ministro do Interior da província de Sindh.
O confronto foi iniciado quando homens armados com granadas invadiram o aeroporto por três entradas. Um militante detonou seus explosivos na frente de um carro blindado, deixando algumas pessoas dentro do veículo gravemente feridas.
Uma nuvem de fumaça se ergueu sobre o aeroporto, que foi atingido por dois focos de incêndio. Dezenas de ambulâncias chegaram ao local acompanhadas por tropas militares, que invadiram o aeroporto.
Um avião de carga foi incendiado nos combates. A área de carga do aeroporto está a cerca de um quilômetro de distância da área de decolagem dos aviões comerciais.
Enquanto o ataque se desenrolava, o major-general Asim Bajwa, do Exército paquistanês, disse em um post do Twitter que os terroristas foram "contidos em uma área" no aeroporto: "Todos os passageiros foram evacuados para locais seguros. Segue a caça aos terroristas".
Horas depois, segundo funcionários do aeoporto, o atentado foi interrompido. Até então, todos os voos haviam sido cancelados.
Sarmad Hussain, oficial da Pakistan International Airlines, contou à agência AP:
- Estava trabalhando no meu escritório quando ouvi grandes explosões, e depois um intenso tiroteio. Escapei pulando uma janela com meu colega, que quebrou uma perna.
Segundo a agência de notícias paquistanesa Dawn News, os homens armados teriam se infiltrado a partir do portão de uma empresa de fabricação de aviões. Eles teriam entrado na área usando carteiras de identidade falsas. Outros relatos, porém, afirmam que eles cortaram uma cerca de arame farpado.
O Paquistão enfrenta grupos terroristas há décadas. Um dos maiores é o Tehreek-e-Talibã.
O primeiro-ministro do país, Nawaz Sharif, revelou recentemente à BBC sua esperança de que selaria um acordo de paz com o grupo. Nos últimos meses, no entanto, houve poucos progressos nas negociações, enquanto os ataques permaneceram constantes.
A cidade de Karachi é um grande alvo de muitos ataques insurgentes. Próximo a ela, em 2011, houve o ataque à base naval de Mehran, matando dez pessoas e destruindo duas aeronaves em um cerco de 17 horas.